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Opinião
14/05/2015 17h49

O Machão, quase se borrou!!!

José Luiz Ayres

Nas cidades interioranas, no que pese estarmos às portas do 3° milênio, as lendas e crenças, ainda predominam sendo passadas através de gerações, se tornando em termos folclóricos, mais um elemento da nossa rica cultura popular. É muito comum e, aliás, faz parte do cotidiano dessas cidades, esses fatos serem narrados com a maior credulidade aos visitantes.

Estávamos hospedados num hotel fazenda do município de Carmo da Cachoeira – MG, de arquitetura colonial cuidadosamente preservada, amplas instalações, decorado ao estilo do século XIX, com peças ornamentais raras, de senzalas, degredos, salas de tortura em porões, engenho, moenda e até embora retirado, um cemitério desativado onde segundo a lenda, haviam sido sepultados inúmeros escravos. Enfim aquela relíquia nos proporcionava a sensação de haver sido transportado ao passado, tal a sua preservação.

Além de todo esse acervo, o hotel oferecia muito lazer e complementando essa gama de atrativos, à noite, um senhor, cuja função era o atendimento aos hóspedes e de vigia – fazia-se também de contador de histórias, junto, principalmente aos jovens, que encantados ouviam narrativas preferencialmente de “assombrações”.

Um cidadão, tipo atleta urbano malhador fisiculturista e ar de “machão”, narcisista por excelência, estava sempre a gozar e desdenhar da garotada, chamando-lhes de tolos e idiotas, pois deveriam se ocupar de atividades compatíveis com suas idades não se deixando envolver por baboseiras sobrenaturais absurdas.

Num final de noite, depois de encerrado o carteado, o “cidadão machão” despediu-se dos amigos e se dirigiu seus aposentos, seguindo pelo extenso, silencioso e sombrio corredor. Em menos de dois minutos, ouviu-se um grito apavorante seguido por um baque surdo. Todos acorreram ao corredor e vimos estatelados no chão, de bruços, o cidadão atlético, que, em estado de choque e todo urinado, nem falava!

Levado de volta à sala, já quase refeito mencionou ainda bastante apavorado e tremulo; - “Uma criatura horripilante, negra de olhos esbugalhados, com grilhões nos pulsos, vestido de roupas como escravo me interpelou no living do corredor. Tentando livrar-me da “coisa”, corri tropeçando na canastra que decorava o corredor e não vi mais nada”.

Na manhã seguinte, de baixo de muita gozação e risadas, soubemos que alguns jovens haviam aprontado “a cena macabra” para testar a indiferença e coragem do machão que não acreditava nas tais lendas e histórias que ainda perduram bem vivas através dos tempos.

Moral da história: Por mais que o ser humano queira negar ou omitir o sentimento do medo pelas “coisas ditas sobrenaturais”, se dizendo isento e incrédulo a esses fenômenos paranormais, nunca poderá fazê-lo porque é humano e, como tal possui o sentimento enraizado no seu subconsciente...

Ah... Esse “turistas ditos machões”, narcisista pela masculinidade, quando se veem  acomodados diante de momentos jocosos e hilariantes de criatividade infantil e se urinam de pavor, a demonstrar o quanto são medrosos e “cagões”, tornando-se de fato criaturas ridículas a nos proporcionar instantes “assombrosamente” pitorescos.

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