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Opinião
24/10/2013 15h34

O peão e seus Conhecimentos

José Luiz Ayres

por José Luiz Ayres

 

Lá íamos nós desfrutando das belíssimas paisagens das plagas gaúchas pelas janelas do vagão no trem turístico que nos levava à cidade de Carlos Barbosa, RG, entre as gostosas  canções folclóricas regionais a compartilhar com alegria que nos envolvia, de súbito após pararmos numa das pequenas estações e sermos agraciados por um grupo de típicos gaúchos produtores de tradicionais vinícolas com generosas canecas de vinho, um  robusto e ruborizado senhor tocar-me ao ombro, depois de tocarmos nossas canecas a confraternizarmos, falou: - mantenha-se moderado tchê, pois outras paradas virão e mais vinhos e tira-gostos nos serão oferecidos. E como me parece ser do Rio de Janeiro e o vinho não faz parte do teu cotidiano, é bom te cuidares. Sorrindo, agradeci a recordação, óbvio por educação, já que sei medir minha tolerância etílica e ficamos a prosear. Se apresentando com Humber, natural de Venâncio Aires, produtor de erva-mate após trabalhar por décadas na estrada de ferro como chefe do tráfico de carnes, estava ali naquele comboio mais uma vez a recordar e matar a saudades da ferrovia a ouvir os apitos da locomotiva a vapor,o chiado dos pistons impulsionando as rodas, sentir o cheiro da fumaça e descortinar as paisagens já vividas quando como ferroviário por estas campinas circulou. Por falar no vinho, recordou-se de um episódio cuja a bebida foi a causadora de tudo. Ao despachar os vagões de carga, entre elas, haviam dois que transportavam gados. Por ser a carga-viva, era necessário que houvesse um peão a acompanhá-lo, dotado de uma vara com ponta metálica no intuito de aquietar e apascentar os animais que caso viessem a se estressar. Por serem dois vagões e o quantitativo de reres consideráveis, haviam dois peões lá pelas tantas, no último carro, alguns animais começaram a se impacientar a se  escoiciar uns com os outros, a deixar o peão desorientado ater de pedir ajuda ao colega. À medida que tentavam com as varas mais os bichos se enfureciam a se chifrarem mutuamente. Não tardou, com a evolução do acirramento, dois travessões do madeiramo do vagão se quebram a projetar para fora do trem as cabeças dos dois gados.

De repente uma das  rezes é expulsa do vagão caindo margente a linha. A outra logo a seguir também cai fora do trem. Sem saber como agir, um dos peões vai à direção do anti-penúltimo vagão e retira a trava do engate desengatando os vagões, que vão seguindo até pararem mais adiante.

Aos observar á ausência dos vagões, o maquinista assustado para a composição após ter  percorrido quase 2 km, e de ré, vagarosamente, faz o trajeto de volta à procura dos vagões. Felizmente num seguimento de reta, lá estavam e no alto, sobre os mesmos os dois peões a acenarem. Com certa dificuldade, com ajuda de voluntários, recuperaram as rezes fujonas, cinco ao todo, e mais as duas acidentadas que se feriram na queda do trem. Reparando o vagão danificado seguiu o comboio.

O motivo do estresse dos animais, deveu-se à adição de um garrafão de vinho na água dos depósitos à disposição dos animais durante o transporte. Pois segundo um dos peões, a bebida agiria como um calmante durante a longa viagem!

Gargalhando, seu Humber desculpou-se após forte abraço, proferiu: - Guri, longe de mim querer te comparares com uma res!

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