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Opinião
05/12/2013 11h26

O pudente Augusto, veja só !!!

José Luiz Ayres

por José Luiz Ayres

 

D.Ruth, uma senhora que conhecemos durante o passeio no Trem da Serra em Passa Quatro, cuja personalidade extrovertida deixava fluir uma simpatia a cativar a todos, em conversa, narrou-nos um episódio ocorrido na sua infância quando levada pelos pais na viagem que fez a Caxambú através do trem, contando-nos que ao embarcar num dos vagões especiais fretados a conduzirem os apreciadores e aficcionados do cassino, lá se encontrava a famosa jovem vedete Virginia Lane, na ocasião considerada a musa inspiradora dos homens brasileiros.

“Meus pais, púdicos, indignados com a presença da estrela, me proibiram que deixasse o lugar e sequer a olhasse, pois a despudorada criatura era perniciosa e evitasse qualquer aproximação. Acoada sem entender o porquê da proibição, mantive-me apreensiva sob as duras recomendações.

Seguia o trem serra acima, quando Virgínia deixa se assento em direção ao toalete. Só que ao  passar por mim, sorrindo, agacha-se a beijar-me o rosto a dizer que eu era muito bonita. Meus pais posicionados ao lado oposto,me olham com certa desaprovação e papai em seguida me entrega o lenço para que limpasse a marca do batom deixada. De súbito, a vedete ao retornar senta-se ao meu lado e retira da bolsa uma foto, que ao verso escreve uma dedicatória e assina entregando-me a dizer: - Ruth você é mesmo uma bonita e graciosa garota. Seus pais devem se orgulhar! Passado algum tempo, tive que entregar a foto a papai; pois me exigiu e fiquei o resto da viagem a matutar o porquê daquela proibição. Afinal Virginia demonstrava ser uma mulher educada e carinhosa. Ao chegarmos em Caxambú, com o alvoroço à plataforma, onde admiradores e fãs aglomerados esperavam pela estrela, que ao surgir é ovacionada. Ao descer do vagão, pegou-me pela mão e curvando-se beijou-me entregando duas plumas vermelhas, as quais foram pelo meu pai tiradas das mãos após de forma bruta puxar-me pelo braço. Já no hotel um tanto amuada e triste, tive novas repreensões para afastar-me da “devassa mulher”, sobre pena de levar uma surra caso fosse vista com ela. Sem nada contestar, acabei temerosa as advertências e tive um fim de semana triste.

De retorno ao Rio de Janeiro, na manhã de segunda-feira, para minha surpresa, lá estava Virgínia, que ao me ver, veio em meu encontro sentando-se ao meu lado. Sem ação, preocupada por uma prometida surra, olhei a meus pais que transtornados de semblantes fechados limitaram-se a desaprovar o ato, o qual eu não era passível de culpa. Conversamos à viagem inteira, embora preocupada com as conseqüências, já que papai não tirava os olhos de nós. Felizmente em casa nada aconteceu, e nem o assunto recrudesceu.

O tempo passou, outras idas a Caxambú  se sucederam, até que anos depois, já adulta, com o passamento  de papai, mamãe arrumando o armário a retirar as coisas que diziam respeito a ele; eis a surpresa, ao abrir uma caixa e deparar-se com as plumas vermelhas e a foto de Virgínia Lane a mim presenteadas. Porem, o pior, foi ao ter também outra foto da vedete de corpo inteiro em trajes sumários com a seguinte dedicatória:“A Augusto, meu querido admirador, o meu quente abraço e milhões de beijos”. Com a assinatura  e duas marcas dos lábios pelo batom e Virginia Lane a vedete do Brasil!

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