O Sexto Rebento

Semanas atrás, ao comentar o pífio interesse de meus conterrâneos na leitura de meus livros, disse que brevemente iniciaria aqui a publicação resumida do que seria o meu sexto livro. Pelo menos assim teria certeza de que os leitores deste semanário, em sua maioria, haveriam de ler o que escrevo.

Vou contar a história de um retrato, tirado na manhã do dia 10 de janeiro de 1966 por alguns alunos que se preparavam para fazer o vestibular de Medicina, no mês seguinte.

Esse retrato, publicado abaixo, fazia parte de um conjunto que resolvi chamar os colegas mais amigos na grande turma, para tirarmos e guardamos de lembrança de nossa grande amizade que prometia nos unir para o resto da vida. Afinal, jovens sonhadores, pensávamos que as pessoas jamais se esqueceriam umas das outras. Eu, como sempre, o mais iludido em relação a esses assuntos, jamais me esqueci de qualquer um deles e tenho todas as fotos até hoje.

Foi tirado no Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial, no Aterro, no Rio de Janeiro, que ficava perto do local onde funcionava o saudoso Curso ADN Pré-Médico que frequentávamos, na curta e estreita Rua Álvaro Alvim, na Cinelândia.

Todos eles eram mais velhos que eu, pois como jamais levara uma bomba, era dos mais jovens da turma. Somente alguns que haviam pulado o antigo 5o. Ano Primário, o que não ocorreu comigo, que não faziam parte do retrato, eram mais novos. Vários desses já tinham empregos, tendo cerca de 5 ou mais anos a mais que eu.

Sugiro, como a história vai se desenrolar em muitas edições, que os leitores as guardem para depois relerem de uma vez, levando a um entendimento maior de minha narrativa.

Quero deixar claro que se fosse transformado no livro que sonhei, haveria muito mais detalhes nessa história que pretendo contar, mas num jornal semanal, chegaria a cansar os leitores e seria mais um livro meu a não ser lido e valorizado pelos sãolourencianos em geral. Justamente ele, o sexto rebento e provavelmente o último, nascido com extração a fórceps. Certamente aqueles que não foram capazes de gastar 30 reais comprando o último livro, ficarão felizes, lendo aqui, de graça, outro livro.

(continua)