Carl Marx foi o primeiro a dizer que os modelos de produção modula como forma a mente daqueles que neles estão inseridos. Todavia pegando outro viés podemos dizer que o patriarcado nos desumanizou ainda mais. Somos seres separados, individualistas, predadores e competitivos. Antes toda mulher para não ser discriminada tinha que se casar até os 20 anos aos 30 já tinha uma penca de filhos e passava o resto da vida a servir a um homem. Hoje ela é livre para não se casar e se profissionalizar, todavia continua engessada em uma camisa de força que a faz querer aos 50, 60, 70 anos ou mais ter o rosto de uma moça de vinte e o corpo eternamente jovem. Ou seja, perdemos a chance de envelhecer em paz e com dignidade em prol do senso comum.
O senso comum não tem vinculações efetivas com os elementos da realidade, já que o efetivo desvendamento da realidade produz o senso crítico, o desvelamento. Este senso comum que possui articulações com interesses axiológicos que o sustentam: interesses de autoridade, econômicos, políticos, religiosos, do modelo social vigente nos petrifica. Esta ideologia capitalista que enriquece os bancos nos torna pessoas artificiais, consumistas que numa eterna busca pela aparência nos distancia da verdadeira essência. E aí advém o medo, o medo de não agradar, de não seguir o modelo imposto, de não se proteger o suficiente, de desconfiar de todos, de competir em qualquer sentido, de querer sempre, como se o ter preenche-se o vazio e a insegurança construída pelo modelo econômico que rege nossas vidas. Vivemos realmente em paz? Somos realmente felizes? Na esteira do consumismo, roupas, bens, academias, cirurgias e massagens lotam nossas vidas. Quantas de nós perdemos a nós mesmas, nos fragmentando, robotizando e perdendo a chance de nos encontrar? O que somos nós? Barro para sermos moldados por energias externas? Potes vazios, insatisfeitos e aparentemente belos?
Só o encontro com nossa essência, com o "Eu Sou" de cada um de nós poderá nos fazer seres integrais. Seres que servem a um bem maior. Isto contudo, não quer dizer que não tenhamos que lutar, pela justiça, pela paz, pela abundância. Mas esta luta não pode ser só pessoal, mas universal, porque Deus habita em todos e não apenas em nós, nossos familiares e amigos. Quanto a forma de luta, cada um a descobrirá por si mesmo, o seu próprio caminho, este que se faz a cada dia, sem pressa e com intuição. Porque como diz Baruch de Spinoza a religião e a moral consiste no fato do ser humano se guiar pela verdade mais alta que lhe for acessível no estado evolutivo em que se acha. Sua intuição. Portanto ouçamos a voz de Deus que fala a todos nós: "Acalma-te porque, "Eu Sou".