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Opinião
10/02/2011 10h21

Opinião Perspectivas para o café brasileiro

Opinião: Perspectivas para o café brasileiro


por Antônio Carlos Arantes*


Em 2010, o Brasil colheu bons frutos com sua ca­feicultura. A alta das exportações e o preço atingin­do níveis históricos deram o tom nas estatísticas do maior produtor mundial de café. Dados do Conse­lho dos Exportadores de Café (Cecafe) confirma­ram uma receita de US$ 5,6 bilhões em exportações e comercialização 9% maior em relação a 2009, o maior volume dos últimos cinco anos. Além da competência de nossos produtores, o maior consu­mo mundial e a redução da oferta em tradicionais países produtores como Colômbia, Indonésia e Costa Rica, são apontados como fatores que expli­cam esta evolução. Os preços do café havia tempo não atingiam patamares tão significativos.


Na Bolsa de Nova York, os preços internacio­nais alcançaram os mais altos índices dos últimos 13 anos. No Brasil, o preço da saca foi pressionado não só pela demanda mundial, mas também pelo consumo interno. Segundo a Associação Brasilei­ra dos Produtores de Café (Abic), a melhoria con­tinuada qualidade do produto, o crescimento do consumo de cafés tipo gourmet e especiais e a melhoria da percepção do café como benéfico à saúde fizeram o consumo interno aumentar 4,18% na comparação entre 2008 e 2009. Ao que parece, a conjuntura para 2011 promete um ano de grandes ganhos para a cafeicultura nacional, seguindo o embalo dos resultados de 2010, mes­mo em um ano de baixa bienalidade.


A primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de 2011 in­dica que o Brasil poderá colher até 44,7 milhões de sacas superando em 13% o ano de 2009, último de bienalidade baixa. De acordo com o Centro de Es­tudos Avançados em Economia Aplicada (Cepa), em 2011, a demanda mundial continuará crescen­te e os estoques ainda baixos, levando a uma ten­dência de fechamento dos preços internacionais em uma média superior a R$ 400 por saca do café arábica, contra os R$ 310,91 obtidos na média de 2010. Ainda no primeiro trimestre, o preço pode atingir picos de R$ 500 por saca. O cenário já é compreendido pelos produtores que estão tendo dificuldades até de adquirir novas mudas para plantio. Em novembro, não havia mudas no mer­cado para os produtores mineiros, mesmo pagan­do mais por elas.


A conjuntura favorável tem permitido aos ca­feicultores de Minas Gerais, maior produtor nacio­nal, a adotarem sistematicamente diferentes tipos de poda, inovadores tipos de manejo e a renova­rem suas lavouras. Além disso, o Estado tem apre­sentado melhoria da qualidade do café a ser colhi­do na próxima safra, com incrementos no beneficiamento do café. Todos esses fatores terão reflexo na produção de 2011 e, principalmente, em 2012, ano de alta produção. Apesar do cenário otimista, é preciso atentar para o problema da dívida dos ca­feicultores. Na campanha eleitoral, a presidente Dil­ma Rousseff prometeu dar prioridade ao caso.


Cerca de 80% dos produtores de café não estão aproveitando as altas de preços, pois já venderam a produção para pagar dívidas, Mas a tendência é de que os bons valores pagos perdurem por mais três anos, aí sim, com políticas realmente efetivas, o produtor vai poder ter melhores rendimentos. Nesse sentido, o governador Antonio Anastasia prometeu criar comitês gestores para auxiliar a administração estadual em áreas consideradas es­tratégicas (do leite, café e de assuntos sindicais). Objetivo é dar suporte às decisões do governo em diferentes áreas. Para compor os comitês, serão chamados o vice-governador, secretários, deputa­dos e representantes de setores da sociedade. A intenção é englobar a iniciativa privada como for­ma de levantar propostas eficientes, que, quando implantadas, possam aumentar as divisas e os empregos por meio da produção do café e tam­bém do leite. Sabe-se da importância do café e do leite para a economia mineira, entretanto, será ne­cessário adoção de políticas eficientes que estimu­lem esses setores. Mesmo com a perspectiva de queda de até 13% na produção brasileira de café, o país pode evitar impactos em suas exportações. A alta do preço permanecendo como está compen­sará a queda na produção. Com o preço médio do produto no mercado internacional mantendo tra­jetória ascendente, equilibrará possíveis perdas com a redução da safra.


*Deputado estadual; presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia legislativa de Minas Gerais

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