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Opinião
06/06/2013 17h21

Os mosqueteiros do prazer

José Luiz Ayres relembra os fatos em sua vida.

Ernany um ex-colega que há anos não o via, me surpreendeu ao vê-lo aqui em São Lourenço como integrante de uma excursão, que àquele instante se chegava ao propósito em viajar no trem das Águas. Indo ao seu encontro, admirou-se ao lhe revelar ser agora um cidadão sãolourenciano. Entre assuntos trocados, em rápida conversa, me fez recordar, ao ver o trem, de um episódio contado quando como profissional de futebol, o qual causou na época, muito rebuliço e jocosidade.

Retornando de longa jornada futebolística no interior mineiro pelo clube carioca Bonsucesso, que àquele ano havia sido o terceiro colocado no campeonato, tiveram no trem a locomoção e logística aos locais dos amistosos, previamente programados, a cumprir o roteiro.

Devido à indisponibilidade financeira, já que a agremiação não possuía recursos a bancar sozinha a excursão, foi então empresariado por terceiros, onde o roteiro de apresentações baseava-se naquilo que os empresários determinassem. Assim sendo, o clube ficava subjugado, mesmo na forma de transporte, com toda despesa por conta do investidor. Optando pelos trens, na época ainda a forma de locomoção entre as cidades onde o Bonsucesso se apresentaria, foram locados da ferrovia dois vagões; um de passageiros e outro misto reservado a todo material esportivo, que permaneceriam à disposição de toda delegação onde estivesse a apresentação. Porém, para evitar pilhagem ou roubo, o vagão misto ficaria sob a guarda do roupeiro e do auxiliar; inclusive a dormirem, já que foi colocado um beliche. A cada jogo realizado, os uniformes sujos eram lavados por lavandeiras contratadas em regime de “rapidez”, pois às vezes teriam de viajar no dia seguinte, a fim de aproveitar os horários dos trens regulares, a engatar os vagões.

Com o jogo de encerramento em Três Corações, deixaram a cidade pela manhã às 6 horas puxados pelo expresso tricordiano. Só que ao chegarem a Cruzeiro, cuja baldeação seria procedida com a devolução dos vagões locados à rede, eis a surpresa ao abrir o vagão de apoio; os dois, tanto o roupeiro e auxiliar, são flagrados juntamente com duas lavadeiras; nus! Possivelmente talvez, embora fazendo a boa coisa, não fosse bom procedimento profissional da dupla. E o pior, é que obrigou ao empresário arcar com as despesas “extras” como: alimentação, locomoção pelo retorno a Três Corações e, o mais caro, pagar pelos momentos prazerosos efetuados pelas mulheres, já que caso não houvesse acordo, comunicariam à polícia local alegando seqüestro. O que para o Clube Bonsucesso seria vergonhoso virar manchete de páginas policiais, ao invés das páginas esportivas a enaltecê-lo pela invicta e memorável excursão.

Depois da entrega dos vagões e acertar com as mulheres, juntaram-se ao grupo os dois mulherengos, que passaram a ser motivo de gozação até ao Rio de Janeiro, no qual foram agraciados, entre troféus recebidos pelo valoroso clube, com o “troféu”: os mosqueteiros do prazer, dado pela delegação no que pese “Dartigny” (empresário) não concordasse com a “comenda” e “saudação”: “Dois por todos e todos por dois”!

Abraçando-me, unindo-se ao grupo, embarcou no Trem das Águas a dizer: - Agora sim um por todos e todos por um; An gard mon ami!

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