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Opinião
03/04/2014 15h13

Pasadena: a hipocriasia oposicionista e midiática

Odilon de Mattos Filho

Por Odilon de Mattos Filho, de Andrelândia/MG

odilondemattos@ig.com.br

amidiaeapolitica.blogspot.com

Estamos assistindo nesses últimos dias a mais um ataque patrocinado pela desesperada oposição e pela “mídia nativa” contra o governo Dilma. O álibi dessa vez é a compra, pela Petrobras, de uma refinaria em Pasadena, EUA, em 2006.

Logo após as primeiras notícias desse “nebuloso” negócio, eis que surgem os “nacionalistas” pátrios Aécio Neves e FHC para criticar a compra da refinaria de Pasadena e, hipocritamente, “defender” a Petrobras. São as raposas querendo tomar conta do galinheiro!

É sabido, até pelo “mundo mineral”, que o governo entreguista de FHC preparou o terreno para privatizar a Petrobras; inclusive, já havia escolhido o novo nome da empresa: “Petrobrax”. O primeiro passo para realizar o sonho do “deus-mercado” foi a Emenda Constitucional 09/95, que quebrou o monopólio da maior estatal brasileira e alterou o conceito de empresa nacional.

No campo político FHC foi mais longe: agiu de maneira sorrateira, covarde e suja. Com a greve dos petroleiros, que não concordavam com essas mudanças, FHC, ardilosamente, deixou que as empresas multinacionais de gás e combustível desabastecessem o mercado, para que a culpa recaísse nos petroleiros grevistas, e o resultado dessa manobra foi um generoso aumento de 28% para essas empresas, um prêmio pelo conchavo. Portanto, e para início de conversa, o PSDB não tem moral para fazer qualquer crítica ou defender a Petrobras ou outra estatal, afinal, foram eles que dilapidaram o nosso patrimônio com as abjetas privatizações, conforme comprova o livro “Privataria Tucana”.

Feita essa breve mas necessária lembrança, vamos à negociação de Pasadena.

Resumidamente, as notícias dos jornalões dão conta de que a compra da refinaria de Pasadena por US$ 1,8 bilhões foi um péssimo negócio para a Petrobras e com forte suspeita de superfaturamento e supostos pagamentos de suborno a empregados da Petrobras, envolvendo a empresa SBM Offshore.

Primeiro, temos que analisar o contexto, ou seja, a época em que foi fechado o negócio. De acordo com o ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, de 1999 a 2005 a meta da companhia era ampliar a capacidade de refino no exterior para ampliar o escoamento do petróleo brasileiro para os principais mercados consumidores, como os EUA. E, seguindo esse planejamento, surgiu em 2006 a oportunidade de comprar a refinaria de Pasadena por US$ 486 milhões.

A mídia, como não poderia ser diferente, vem desinformando a sociedade sobre o valor real de Pasadena, pois ela está acrescentando no preço final os estoques de petróleo e derivados que vieram juntos na aquisição da empresa. Ademais, a imprensa esconde, também, outra informação importante para se detectar se o preço foi majorado ou não. Para se saber se isso ocorreu, é necessário se estabelecer comparações, como, por exemplo, o preço do barril de petróleo à época. Segundo Gabrielli, a Petrobras adquiriu os 100% da refinaria de Pasadena por US$ 4.860 o barril. No mesmo ano, 2006, o preço médio de refinarias adquiridas na América do Norte foi de US$ 9.734 o barril. Em maio de 2007, um fundo de investidores do Canadá adquiriu a Lima Refinery da Valero por US$ 11.515 o barril.

Com o avento do Pré-Sal no final de 2006, hoje se pode dizer que não foi vantagem comprar Pasadena, pois a estratégia da Petrobras mudou, saiu do refino no exterior para aumentar o refino no Brasil, tanto que foram construídas e reformuladas várias refinarias Brasil afora. No entanto, é evidente que vale aguardar os movimentos do mercado para vender Pasadena em um cenário mais adequado e vantajoso.

Por fim, a acusação de pagamento de suborno a empregados da Petrobras parece que não procede também, pois o Ministério Público da Holanda informou à Comissão Interna da Petrobras que “não há investigação aberta sobre o caso de propina envolvendo a empresa SBM Offshore e a Petrobras.”

Diante de tudo isso, fica a conclusão de que a Petrobras não agiu de má-fé e tampouco houve qualquer superfaturamento na aquisição da refinaria de Pasadena. O que há é uma ação articulada de especuladores e de empresas multinacionais, que, além de não concordarem com o regime de partilha adotado na concessão do Pré-Sal, estão trabalhando para que os entreguistas de outrora retornem ao Poder. Estamos atentos!...

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