03:12hs
Sexta Feira, 22 de Novembro de 2024

Leia nossas últimas edições

Leia agora o Correio do Papagaio - Edição 1897
Opinião
02/04/2013 17h44

Proteger, compreender e restaurar: é tempo de renovação

Renúncia do Papa Bento XVI foi sentida e vivida em todo o Planeta.

José Francisco Mattos e Silva

 

                        Se as renúncias são necessárias, mais necessário do que elas é o proveito de delas tiramos. Toda ação tem uma reação e uma conseqüência. A conseqüência da necessária renúncia do Papa Bento XVI foi sentida e vivida em todo o Planeta, a reação à ação do Bispo Emérito de Roma, foi o emergir de uma nova consciência Universal adjutória do querem intrínseco que cada Ser Humano tem, independente da sua crença, da sua cor e das suas opções, um querem natural, ligado a nossa principal identidade: a de sabermos que somos imagem e semelhança do Criador e alcançarmos naqueles que mais precisam a identidade do próprio Deus, ao mesmo tempo em que o mundo demonstra a necessidade de uma nova liderança mundial, fruto de uma sociedade carente de referências.

                         A renúncia de Bento XVI trouxe ao mundo a boa fumaça da esperança. Para o balcão das bençãos, aquela janela com sacada que se abre e se enfeita para o anuncio do famoso Habemus Papam voltaram bilhões e bilhões de olhares. Chefes de Estado e de Governo, reis e rainhas, ditadores e pensadores, amigos e inimigos, críticos e defensores, santos e pecadores, idosos, adultos e crianças, homens e mulheres, crentes e ateus, pessoas sem distinção, esperavam um nome, dois nomes. E os nomes vieram pela voz engasgada de um cardeal francês, no coração da Europa, o mundo ouvia o  nome de um latino americano, filho de um imigrante italiano ferroviário e de uma governanta, um portenho  amante do tango que estudou química e noções de farmácia, foi professor e fez-se sacerdote dedicando sua vida em prol da Evangelização dos mais pobres, usando seu báculo para vestir a mitra do sofrimento dos mais pobres nas periferias de Buenos Aires. O Bispo de Roma, é um argentino, um irmão, latino americano, destas nossas terras de veias abertas, destas terras da América do Sul, Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. 

                        Com Francisco, há 800 anos, o mundo vestia o hábito da renovação da esperança. O pobrezinho de Assis, amante da natureza, dos pobres, dos ricos e de toda a criatura, santo padroeiro da natureza e patrono da caridade, que recebeu de Dante Alighieri o elogio de ter sido “uma luz que brilhou sobre o mundo” naqueles tempos de treva. Hoje o que traz o Papa Francisco?

                        Francisco traz a esperança e sinaliza a necessidade de renovação quando afirma em seu primeiro discurso, para o mundo que cabia na Praça de São Pedro, que é necessário formar uma grande Fraternidade, a mesma fraternidade cósmica que São Francisco de Assis apregoava diante da insensatez dos homens ao rezar que “todos os seres são iguais, pela sua origem,
seus direitos naturais e divinos e seu objetivo final
”.

                        Francisco de hoje, que ainda não é santo, traz a mesmíssima Fraternidade que devemos também defender na luta constante contra todo o sistema e cultura de morte que tenta desesperadamente implantar a consciência da inconsciência marcada pelo injusto preconceito e o aviltamento da individualidade humana em que o simples fato de “ter” sobrepõe-se aos valores do “ser”.

                        É tempo sim de renovação, de metanoia. É tempo de Páscoa. Que o Papa Francisco inaugure este novo tempo, a nova primavera não só na perspectiva de uma “Igreja pobre para os pobres”, mas que seu idealismo extrapole os muros do Vaticano, dos palácios e das igrejas, para contagiar os líderes mundiais, os governos e abrace, com as outras religiões e instituições, a necessária preocupação com a vida do Planeta e no Planeta.

                        Que a renovação anunciada e esperada, de forma inédita na história que assiste dois papas vivos, seja na retórica de uma atenuação das afirmações preconceituosas que devem levar as religiões, todas elas, a uma conversão intelectual, moral e espiritual pautada na unidade e na virtude da caridade para se alcançar um processo potencialmente produtivo que levará a humanidade a novos comportamentos onde o homem veja o homem como Irmão, uma fraternidade mundial, uma fraternidade cósmica, o novo canto das criaturas, de todas as criaturas e do respeito que cada pessoa, na sua individualidade, tem direito, conforme querido pelos grandes pensadores, filósofos e pelo próprio Criador quando ensinou-nos que a regra da felicidade é a vivência do “amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”

                        É tempo de Páscoa, metanoia. É necessário proteger, compreender e restaurar o sentido da Fraternidade, da vida! Feliz Tempo de Páscoa, para toda a humanidade...

 

 

PUBLICIDADES
SIGA-NOS
CONTATO
Telefone: (35) 99965-4038
E-mail: comercial@correiodopapagaio.com.br