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Opinião
21/02/2019 10h43

Qual o princípio da alegria?

Por Ana Terra Oliveira

Nós estamos muito acostumados a viver de extremos e buscar alegria no muito. Ou isto, ou aquilo. Ser ou não ser. Chegar ou partir e viver intensamente. Mas nem sempre a vida é 8 ou 80. Será que o cálculo pode ser outro? A vida implica sim em escolher o lado que queremos estar. Mas escolher o lado em que queremos estar não implica em oscilar entre as ilusões que criamos do que seria viver intensamente com alegria. Viver intensamente é viver em equilíbrio, cuidar do seu lugar no mundo, da sua vida com harmonia.

Eu observo, e muitas vezes já senti, o perigo que é crer que as alegrias estão no muito. E o que é esse muito? Estamos viciados em buscar sempre por altas emoções e altas sensações. Neste caso realmente podemos dizer que buscamos viver perigosamente. É um perigo pois nos colocamos em situação de contínuo estresse, contínua insatisfação e frustração, pois nada que não seja o “muito” nos contenta. E nunca nos deixam contentes, pois o princípio da alegria não se encontra nestes lugares onde buscamos. É bom se perguntar: qual o princípio da alegria?

Possuímos a crença de que ser feliz e estar alegre é sempre ter muito. Muito dinheiro, muitas viagens, muitos prazeres, muita comida na dispensa, na geladeira, e comer muito. Não só comer muito, mas comer aquilo que exalta as altas sensações, que na verdade é uma bomba prestes a explodir. Hoje em dia comer uma fruta doce não é assim tão doce para muitas pessoas. Aí, doce mesmo é comer um doce de fruta com muito doce. Será que a vida será mais doce com tanto doce? Ou seria dizer: açúcar? As vezes pode ficar bem ácida, porque o doce de uma vida doce é a suavidade com que é vivida. Onde tudo tem seu limite, seu lugar, sua utilidade e sua beleza com simplicidade.

O hábito de buscar altas emoções e altas sensações cria excessos e traz desequilíbrios. Bem sabemos que bipolaridade quando tratada produz incrível alívio e paz. Só para dar um exemplo. Tudo que passa do limite é excesso e ocupa espaço, ou as vezes nem ocupa, só bagunça, como aquele objeto que você não sabe onde colocar, nem para que serve, mas continua guardando. Tudo que passa do limite não tem utilidade porque o nível de saturação não permite que seja útil. Lembra da água com açúcar? Chega uma hora que o pozinho vai precipitar no fundo e não vai ser dissolvido. São as leis da vida. Quando passa do limite vira extremo e perde a utilidade e muitas vezes começa a dar problema. Excesso de pensamentos cria muita agitação e ansiedade. Excesso de fala faz a voz perder a voz. Excesso de opiniões sobre os outros faz o outro desaparecer para nós, pois passamos a ver só as opiniões e não o outro realmente, que está bem além de qualquer opinião. Excessos... Excessos...

A gente sabe também que o número de hemácias no sangue ou de vitaminas no corpo nunca pode estar aquém. O aquém também não tem utilidade, não ocupa o espaço que deveria ocupar para que as coisas fluam e não cumpre a função. Água pouca não pode mover moínhos. Falta de afeto também não move corações, as vezes pode até criar indiferenças e distâncias tão longas entre os olhares que criam corações frios e solitários, e corações solitários não movem sorrisos. Mas também sair por aí buscando 1 milhão de seguidores não garante alegrias.
É preciso viver na medida certa. E digo para vocês, essa medida certa pode ser bem intensa, pode ser infinita, pode ser até sem limites.

Parece até controverso e difícil de entender, verdade? Dá um nó na cabeça! Mas eu penso que a questão são os princípios. É uma questão de princípio. O excesso, a falta, o sem limite, o além do limite é tudo aquilo que está fora dos princípios corretos. A medida não tem uma forma onde todos cabem. Cada um sabe o número da sua camisa. Mas não adianta vestir qualquer camisa. Eu não visto qualquer camisa. Minha camisa tem princípios. E para as alegrias também é assim!

A alegria é encontrar a resposta certa, viver buscando a resposta, não se contentar com a mesma resposta. Aprender sempre, inovar sempre, mudar, quem sabe, fazer diferente. E onde está a resposta? Novamente me pergunto: qual o princípio da alegria? Em quais princípios buscamos alegrias? Se forem aqueles onde as alegrias moram, é possível encontrar.

Ana Terra Oliveira é moradora de São Lourenço, Psicóloga, Escritora e Contadora de Histórias.

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