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Opinião
04/09/2014 17h37

Religião e Cultura, eterna complexidade...

José Luiz Ayres

Ao chegarmos a uma parada rodoviária na localidade de Biguaçu – SC, visando esticarmos as pernas, afinal vínhamos há horas de estrada e óbvio, a barriga dava sinais de reabastecer, ao nosso lado estacionou uma VAN, cujos ocupantes pelo aspecto físico nos levava a crer tratarem-se de origem árabe. Não deu outra quando alguns se expressaram ao falar.

Já no interior do toalete, ocupando-me do lavatório, os árabes começaram a entrar e se servirem dos boxdos mictórios em total silêncio com fisionomias sisudas, o que decerta maneira estranhei o procedimento, pois o grupo se mostrava alegre e descontraído ao deixar o veículo.

De repente dois deles adentram ao recinto em total descontração, falando, rindo, enfim alegres e dirigiram-se aos mictórios em continuado e animado papo. Os amigos que ali estavam, percebi, passaram a olhá-los expressando um semblante ainda mais taciturno e circunspecto, até mesmo recriminatório como quisessem na demonstração fisionômica, repreendê-los pela forma com que se comportavam. Confesso que não vi qualquer anormalidade, afinal ali e local público reservado onde a descontração é normal dado o momento fisiológico, cujo relaxar natural ocorre e as formalidades são deixadas de lado.

De súbito um dos que deixava o box, chegou-se aos dois descontraídos que lado a lado se posicionavam e, com dura aspereza pagou geral, dizendo que como muçulmanos deveriam saber que aquele local não se pode falar ou expressar alegria, pois é um ambiente sujo e nefasto, onde são postos para fora todos os dejetos e negatividades e os espíritos malignos que ali se encontram vagando, se aproveitarão de suas almas a proporcionar aos seus corpos futuras complicações, a trazer as suas vidas malefícios irreversíveis pelo desrespeito ao alcorão nos ensinamentos de Alá. Por isso deveriam pedir perdão orando a Maomé. Um dos advertidos argumentou que não estavam em Meca e sim no Brasil, por isso não se ligou ao Alcorão. Uma bofetada súbita ecoou no ar e os dois foram castigados pelos demais com cusparadas. Surpreso e estarrecido, deixei o toalete rumando à lanchonete, aonde cheguei a minha mulher que deixava o seu toalete a narrar o ocorrido.

Só que a perplexidade foi maior, quando os dois castigados vieram se juntar aos punidores, participando alegremente do lanche como se nada houvesse acontecido, no que pese a face avermelhada pela bofetada levada ainda se fizesse presente. Animadamente integrados aos amigos que os aguardavam, comeram, beberam, riram alegremente e seguiram viagem na VAN rumo ao destino a eles traçados e nós ali boquiabertos sem nada entender, limitamo-nos a menear as cabeças sob sorrisos, a atribuir que cada um tem sua cultura a seguir, mesmo que aos nossos olhos pareça um grande absurdo.

Moral da história: Religião, doutrinas e seitas, cada qual segue o que lhe convém...

Ah... Esses “Turistas Abnegados” as suas culturas religiosas milenares cujos seguimentos doutrinários são cumpridos à risca, mesmo que estejamos em pleno século XXI onde a tecnologia evolutiva vem transformando os paradigmas tradicionais religiosos e, não se adaptam a realidade contemporânea, só nos resta a pedir desculpas pelos momentos pitorescos oferecidos, no que tange o local, pelo visto inapropriado, onde presenciei tal cena inusitada.

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