06:17hs
Terça Feira, 16 de Julho de 2024

Leia nossas últimas edições

Leia agora o Correio do Papagaio - Edição 1865
Opinião
25/07/2013 14h34

Retratos da Vida (parte IX)

Filipe Gannam continua sua jornada em mais uma incriel história.

Roberto era de Petrópolis e um dos mais íntimos daqueles que fizeram parte da foto. No tempo em que fumar era bonito, gostava da marca Minister. Filando alguns cigarros dele aprendi a fumar. Mas o medo de ficar viciado me fez desistir. Às vezes levava um jornal qualquer que eu pedia emprestado para ler no intervalo das aulas. .

Tinha casa em São Lourenço e cheguei a encontrá-lo aqui algumas vezes, naquele tempo.

Foi calouro do saudoso Jonas Pereira Maduro, em 67, na Faculdade de Ciências Médicas. Colega do Márcio Cottini Ribeiro, também de São Lourenço. Uma das vezes em que esteve aqui foi em setembro daquele ano, num passeio de sua escola, em que fretaram dois ônibus. As meninas de São Lourenço, hoje quase todas vovós, ficaram em alvoroço, com tanto acadêmico de Medicina. Fiquei com ciúmes da concorrência... 

Era o dono da máquina fotográfica usada para tirar as fotos. O filme fora comprado de sociedade entre todos e cada uma pagou suas cópias, é claro. Foi ele quem escolheu o local em que seriam reveladas e fomos levar o filme e depois buscar juntos.   

Contatei o Márcio por telefone e ele me disse que seu sobrenome era Passos. A seguir, passou-me o nome e endereço de um colega de turma deles que deveria saber como localizar o Roberto. Enviei-lhe uma carta e não obtive qualquer resposta, para variar.  

Imaginando a hipótese mais provável, que ele estivesse no Estado do Rio, mandei um e-mail para o Conselho Regional de Medicina, que não me respondeu. Escrevi carta pessoal para um colega de turma meu, conselheiro daquela entidade, que também não teve a devida consideração. Procurei-o na Lista Online, cidade de Petrópolis e não achei. Havia pessoas com idêntico sobrenome, que não o conheciam.

Mas, faltando apenas dois, não poderia desistir.

Certo dia, por outra via virtual, o Google, pesquisei seu nome. Numa página relacionada a médicos, descobri um Roberto dos Passos em Xerém, Duque de Caxias, RJ seguido de um Roberto dos Passos Filho, também médico. De posse do telefone, fiz a ligação. Atendeu-me sua irmã, muito simpática, que confirmou ser ele e marcou um determinado dia e horário para telefonar. Disse que eram de Duque de Caxias e não de Petrópolis, onde tiveram uma casa de veraneio.

Tempos depois, falava com o Roberto. Lembrou-se de mim, batemos um bom papo e me senti outra vez recompensado, vendo que minhas buscas estavam chegando a um resultado satisfatório e que faltava apenas uma colega. Ele recordou-se também das fotos, de que não tinha cópias, e foram enviadas para o e-mail de sua atual esposa. Quando teve notícias sobre o livro, não manifestou interesse. Contou-me que há muito não vinha a São Lourenço, apesar de manter a casa aqui. E que tinha deixado ultimamente o vício do fumo. Menos mal, antes tarde do que nunca. Dei graças a Deus por não ter ficado viciado no tempo em que filava seu Minister.  

Perguntou-me se eu me lembrava do dia em que o Enéas, professor e futuro político, aparecera de terno para dar aula e deixando a turma fazendo um exercício de Física, avisou:

– Fiquem aqui um pouquinho, sem mim. Volto em menos de meia hora, estou indo ao cartório, no edifício ao lado, para me casar.

Antes de terminarmos o que nos pedira, regressava o já apressado e folclórico mestre, com a devida aliança no dedo anelar da mão esquerda. Foi o casamento mais rápido de que se teve notícia. Claro, quem conseguiu, no futuro, falar na TV com tamanha rapidez deve ter assinado o contrato com agilidade incrível. Afinal, ainda tinha que terminar sua explicação de Eletricidade...    

O time estava quase completo. Faltava agora procurar pela Carmem Lúcia, uma das três meninas que fazia parte do retrato. Fatalmente iria encontrá-la – e viva – e sonhar mais alto em colocar meu plano do próximo livro em prática. 

(Convidado para minha festa de 60 anos, dias antes telefonei para ele, que disse: – recebi seu convite, estou me preparando para mandar um telegrama. Não, Roberto, acho que você não entendeu, eu não quero o telegrama, quero a sua presença– respondi. Diante de tanta espontaneidade, no ato, comprometeu-se a vir. E quando eu chegava ao Country, foi a primeira pessoa que encontrei. Descobri, então, que ele continuou a vir a São Lourenço de vez em quando e que tínhamos amigos em comum daqui. Se eu soubesse que o Roberto estava tão perto e tão longe!!! Quem poderia imaginar? No entanto, convidado para as festas que fiz depois, não me deu mais a alegria de sua presença)

(continua)

PUBLICIDADES
SIGA-NOS
CONTATO
Telefone: (35) 99965-4038
E-mail: comercial@correiodopapagaio.com.br