por Bebeto Andrade,
de Cruzília/MG
Tem gente que não gosta de jiló, outros preferem cães a gatos e há quem não suporte funk, aquele ritmo meio parecido com música. Isso é compreensível, pois gosto não se discute e o que seria do azul, se todos pensassem igual? O problema é que o ser humano não vive sem uma polêmica, e às vezes uma simples questão se transforma em rixa eterna.
Em Cruzília, a rivalidade mais antiga é entre Sete e Ypiranga, não necessariamente nessa ordem. Conheço gente que comemora a derrota do rival como se fosse a vitória do seu time, e quem sabe até com mais entusiasmo. Concordo que é difícil torcer para um adversário tão próximo, mas acho inútil xingar a mãe, quando se pode com mais vantagens botar o nome na boca do sapo.
Antigamente, as rivalidades eram comuns e bem aceitas pela população. Nos fins de semana, podia-se optar entre a Sedy e a Boate, e muitas pessoas frequentavam os dois ambientes, provavelmente as mesmas que hoje vão atrás de seus filhos ou netos no Butekão. Depois da festa, era correr pra cobrir o cheque no Banco Real ou no Banco do Brasil, que hoje contam com a vetusta concorrência da Caixa Econômica.
Na política, havia um revezamento mais ou menos previsível. Se o doutor Domingos ganhava uma eleição, podia-se apostar que o Adolfo Maurício venceria a próxima, até que o Lolando chegou e depois o Merola. No comércio, quem se lembra da disputa entre os dois postos de gasolina, Atlantic e Ypiranga? Hoje há mais postos de gasolina e, aparentemente, a pendenga ficou em família.
Atualmente, ouço dizer que há uma grande rivalidade entre adolescentes, divididos entre os que gostam de skate e os adeptos do cavalo. Não sei como a barafunda vai terminar, mas torço pra que todos possam sambar juntos no carnaval - atrás da escola de samba da Vila ou da Colina, claro.