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Opinião
28/03/2019 08h56

Simples Verdades

Por Ana Terra Oliveira

Já estamos em abril. Isso para nos situarmos que o primeiro trimestre está no fim. As três super luas já brilharam no céu com todo o esplendor. E nós? O que já fizemos de surpreendente na balança da vida? Os bons propósitos estão em curso ou tudo ficou como meias verdades como proposta em página fechada na agenda? A vida é muito preciosa para ser negligenciada. Pois tudo aquilo que foi planejado para uma vida boa precisa ser cumprido. Essa é uma verdade. Uma simples verdade, capaz de mudar tudo por inteiro se simplesmente fosse realizada. O tempo não pára para esperar quem estaciona. O tempo é movimento. A vida é curso, é desenrolar de uma história. E qual história estamos a contar ao final de cada dia? Qual o saldo de nossas ações quando fechamos as contas ao anoitecer? Qual ensinamento colhido agradecemos ao encostar a cabeça no travesseiro?

Por ventura há consciência? Por ventura há luz? Os olhos se fecham em paz? Na paz da consciência de ter vivido uma vida boa, cumprido a missão, a função, o dever, a responsabilidade?Estamos muito acostumados a viver “despercebidamente”, sem estar realmente presentes nos acontecimentos, nos momentos, nas intenções. Acordamos no susto com o celular, logo tomamos um café sem apreciar os aromas, pois são tantos pensamentos a desviar a atenção, mil planos delirantes e desejos. Vamos ao trabalho a mercê do humor, que fica a mercê das contingências, como se o humor tivesse vida própria, e fosse assim tão incontrolável pela vontade superior da mente humana. Deixamos que o humor fique sem disciplina. Esta é uma verdade, nossos humores precisam de disciplina, de direção, senão ficam como crianças mimadas ditando tudo de forma egóica.

E no trabalho perdemos a dimensão dos objetivos, do foco, nem temos motivações corretas. A vida passa a ser um acordar, comer, trabalhar, acordar de novo e comer de novo e correr atrás do dinheiro e contas para pagar e coisas para comprar, bagunça a desfazer, e onde fica o amigo nesta história, onde fica o marido, onde fica o filho, onde fica a própria consciência?!... Anbandonada em um automatismo sem sentido. Esses são sintomas adoecedores, a vida está sendo vivida na superfície. Ignoramos as questões mais fundamentais, os valores, os porquês, o porquê fazemos, o porquê vivemos, o que realmente precisamos, o que é curador, integrador e saudável, o que é realmente importante, o que é prioridade. Perdemos a noção!

Quanto abandono! Eu considero, observando as histórias de vida que acompanho, que o abandono seja o grande sintoma da doença perniciosa dos tempos atuais, sorrateira a seifar o que é mais precioso: a vida. O abandono de si mesmo e do outro. O abandono é uma ferida aberta que precisa ser tratada.

Filhos abandonados pelos pais, não que não tenham comidas, boas roupas, lazeres, viagens, brinquedos, celulares e coisas, isso não, isso é de grande preocupação e quase sempre suprido eficazmente. O melhor a dizer seria de filhos que sofrem de abandono psicoespiritual, justamente por falta de valores, falta de oferecer formação humana, oferecer o tempo, o olhar, o afeto, a atenção. Filhos abandonados afetivamente. Filhos negligênciados que optam na adolescência por drogas, automutilação, supressão doentia de carências e comportamentos inconsequentes. Sem educação, sem limites e desesperados. Desesperados precisando de serem cuidados, amados, que olhem por eles, que lhes ensinem o valor da vida, os limites libertadores, os valores primordiais de uma existência verdadeiramente livre e feliz.

E é no cenário de abandono onde a indignidade e as perversões sociais acontecem hoje. Por negligência, por desatenção, por superficialismo, por falta de real motivação, por irresponsabilidade com a missão, por não olhar, não ver, não cuidar, e ignorar. Daí surgem também vidas sem engajamento, vidas cansadas, adultos que só reclamam e contemplam o passar das horas sem tomar atitudes, pessoas que só sobrevivem, engolidas pelo tempo, pelo espaço, pelas impressões, pelas escolhas incoerentes. Pessoas frustradas, desesperançadas.

Pessoas que abandonam a si mesmas, pois optam por viver ignorando os valores da consciência e ignoram formas mais saudáveis de vida. Desesperadas acreditam não encontrar saídas.

Calma! A vida tem jeito! Vamos rever as escolhas! Vamos optar por escolhas benéficas, vamos abrir a mente para mudar, para aprender novos jeitos de fazer as coisas, estudar quem sabe opções melhores que já estão à disposição, se inspirar em pessoas que construíram valores. Há pessoas sim construindo um novo mundo no mundo! Isso é uma grande verdade. Há grupos e pessoas engajadas e usufruindo de novos padrões psicoespirituais. Estou falando de valores, princípios, de novos padrões mentais e emocionais, de filosofias vividas na prática com verdade.

Se o desespero vier, calma! As vezes, três respirações conscientes e voluntárias pode ajudar consideravelmente. Essa é mais uma verdade. Respirar é vida! Respirar é desanuviar a mente, revitalizar o corpo, reordenar os sentimentos. Respirar é a receita dos sábios para uma vida plena. Essa é uma verdade, respirar não gasta dinheiro, não depende do outro, não gasta o tempo, é só inspirar e expirar com atenção, com presença.

A verdade é que a sociedade precisa renascer e cada pessoa precisa renascer junto. Cada pessoa precisa se curar, se amar. E eu também estou aprendendo a cuidar, não mais abandonar. Acredito que aí está o caminho, a cada pessoa que vem a mim, é mostrar que a vida tem jeito, amar e cuidar desta ferida do abandono. Esse deve ser o melhor luping de vida: eu cuido e sou cuidada, eu cuido, me cuido, se cuide. Amar para que a ferida se transforme e dela surja o perdão, como a flor de lótus que ressurge bela da lama. É verdade, a missão da flor de lótus é também a minha missão!

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