Como eternos curtidores do turismo, lá estávamos mais uma vez a desfrutar do belíssimo e admirável recanto às cercanias de Itatiaia, ao sopé da deslumbrante serra das Agulhas Negras, a gozar do ar puro trazido pelo exuberante clima que aquele bioma nos presenteia, em que a localização afastada dos perímetros urbanos nos proporcionam, a nos fazer esquecer da rotina do exaustivo caos que tristemente vivemos.
O recanto, uma velha, porém conservada fazenda anexada a um pequeno hotel dotado de amplas e modernas instalações, com ótima estrutura hoteleira, a nos oferecer primoroso conforto e bem estar.
Numa manhã, após o guloso desjejum, saímos a passear pelos arredores do complexo hoteleiro a descortinar o esplêndido visual, que aos nossos olhos, sem dúvida, impressionava pelas imagens bucólicas, que como um colírio, tal a grandiosidade, nos causava pela impactante da beleza algo indescritível.
Seguindo pelo caminho entre os mais variados tipos de vegetações, de súbito ouvimos um trotear de cavalo e observamos tratar-se de uma charrete. Ao se aproximar, vimos que duas mulheres a conduziam, no que nos obrigou a afastar dando passagem. Só que pararam a nos cumprimentar e se puseram a conversar sobre a beleza parasidiaca do local e aproveitou a pedir que lhes fotografassem. Óbvio que aceitei e procurei ajudá-las a descer da charrete, vez que o acidentado caminho e a altura do estribo um pouco elevada, poderiam provocar quedas. Prendi as rédeas ao tronco de uma pequena árvore e de posse da câmera, fiquei à espera da indicação do melhor ângulo. Concluída a operação fotos, agradeceram pela presteza, desatei as rédeas e passei as mãos da “condutora”, auxiliando a colega a subir à charrete, já que vestia uma saia longa no que dificultava o acesso. Nisso a “charreteira” me pede que as fotografassem no veículo em movimento. No que aceitei, a distanciar-me uns 30m, me posicionando e dei o sinal para que viessem. Tudo saiu perfeito e mais uma vez agradecendo, lá se foram caminho afora e nós a seguir nossa caminhada. Mas assim que fizemos a curva, a uns 100 m, vimos a charrete adernada à direita com aquela mulher de saia longa, fora do veículo a tentar subir e a “charreteira” a auxiliá-la subir a esticar o braço. Observei mesmo a distância, que o veículo havia caído, talvez, num buraco ou vala à lateral do caminho e a moça da saia tentava em vão ajudar pelo gestual que fazia. Apressando o passo, fui em auxílio e ao me aproximar, notei a charrete se sacudir, com o animal agitado voltando-se à esquerda, conseguindo livrar-se do local, onde a pobre ‘’condutora” se segurando pelo pavor a largar as rédeas, é surpreendida na disparada do animal. A moça da saia, entretanto, apavorada, tenta se afastar e é jogada ao chão, tendo sua saia presa à roda da charrete, que arrancada é levada. Até ai tudo bem. Só que o pior é que sob aquela roupa, não havia nada além da “vestimenta de Eva sem a folha de parreira” e a nudez se apresentou a mim como um susto!
A uma boa distância, vimos a charrete já parada, com a “charreteira” a acenar chamando pela amiga . Acorrendo a moça, a indagar se havia se ferido, um tanto assustada e constrangida, a acompanhei até a colega, que ao vê-la naquele estado, pergunta: - Ué, cadê sua saia e a calcinha? Meneando a cabeça, responde: - A saia esta enroscada à roda da charrete e a calcinha não estou usando. Já sentada no veículo, eu com um pouco de dificuldade retirei a saia presa ao aro da roda. Vestindo-se, orientei a “charreteira” ,que mantivesse as rédeas sempre paralelas e não afrouxasse uma delas; pois o animal se guia por elas, e o lado não frouxo significa à direção a seguir. Auxiliando-a na manobra de retorno, pois voltariam ao hotel, lá se foram as duas urbanoides.
Moral da história: Nada mais perfeito por se estar num paraíso e ter uma Eva de verdade ao lado!!!
Ah... essas “turistas urbanoides” sempre nos presentearão com cenas e momentos hilariantes quando se veem fora dos seus “habitats”, a mostrarem-se o quanto são de pitorescas e as vezes também de amantes e adeptas do naturismo enrustido...