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Opinião
30/05/2013 11h01

Um troco bem merecido!

José Luíz Ayres

Certa feita, quando desfrutávamos das delícias de Lambari, MG, num hotel o qual sempre que podíamos, lá estávamos a curti-lo, um casal que ali se chegava pela primeira vez, nos veio a proporcionar um momento bem hilariante, onde a sua perspicácia aliada ao bom humor nos trouxe bastante jocosidade.

Este casal; Seu Porpírio e Dona Joaquina, de origem portuguesa conforme se apresentou, embora tivessem a faixa etária bem acima dos 70 anos na ocasião, ele principalmente, mostrava-se uma pessoa alegre, simpática e muito comunicativa, a manter um diálogo agradável junto aos hóspedes, não se recusando em conversar a expor seu humor sempre a sua fisionomia. A noite após o jantar tinha por hábito, ocupar à sala do carteado onde com D. Joaquina, permaneciam a jogar tranca à mesa posicionada próxima a porta da varanda, pois como possuí ao costume do cachimbo, procurava arejar o ambiente. Aquele tempo não havia como hoje, a proibição quanto ao fumo em lugares fechados.

Uma noite ao chegarem para o joguinho, ao ver que sua mesa estava ocupada, se viram obrigados a optar por outra. Não tardou, se chegou à sala, um grupo de seis cidadãos um tanto barulhentos, que se ocupou da mesa maior, ao centro, pois iriam jogar pocker, a causar um certo desconforto aos que ali se encontravam pelo alarido causado.

Seu Porfírio, na sua calma, retirou da bolsa seu cachimbo e utilizando-se da bouceta(depósito para guarda do fumo) pôs-se a encher-lo enquanto D. Joaquina embaralhava as cartas do baralho. Colocando o cachimbo à boca, acendeu e após a sucção natural ao avivar o fogo, lançou ao ar baforadas de fumaça, cujo perfume do aromático fumo inglês produzia no ambiente um agradável odor. Um dos jogadores do pocker abanando suas narinas, falou em tom de voz elevado, para que apagassem esse cachimbo fedorento. Só que para Seu Porfírio nada representaram àquelas palavras, mantendo-se compenetrado ao jogo de tranca. Assim transcorreu o ambiente, embora o agito do grupo dopocker permanecesse em estardalhaço a cada rodada. De repente, Porfírio ergue-se da mesa e foi à direção do bar a solicitar dois chás ao “barman”. Ao retornar, enquanto o pedido era providenciado, procede seus ritos habituais na preparação do cachimbo a ser usado após o chá. Tomada a bebida e colocar o cachimbo à boca, no que acionou o isqueiro e dar a puxada, de súbito um fogaréu se fez presente a incendiar o cachimbo e o bigode do pobre homem, que assustado deixa cair sobre a mesao cachimbo em chamas a apagar o que restou do bigode. Acalmado os ânimos, com o patrício a alisar os pelos do bigode e limpar o cachimbo, o casal deixa a sala desejando a todos bons sonos. Na passagem junto a mesa do pocker, tocando no ombro daquele que se insurgiu sobre o fumo, falou: - Valeu rapaz, mas cuidado com o troco, pois a pólvora não é só o fogo. É também de efeito retardado e fedorento.

Pela manhã, soubemos que quatro dos jogadores de pocker, permaneciam em seus aposentos, pois foram acometidos de fortes diarréias e dores abdominais durante a madrugada, onde os “tronos” tiveram ocupação constante.

Ao nos encontrarmos durante o desjejum matinal, Porfírio contou-nos: - Resolvi colocar em quatro caipirinhas deles, doses dos laxantes “ducolar”. O efeito você conhecerá certamente!

Sorrindo respondi: - Já tomei conhecimento do troco!

Ah... Esses turistas tiradores de sarro não deixam de ser uns pitorescos.

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