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Opinião
14/07/2016 16h04

Uma derrapagem à noite

Por José Luiz Ayres

Aproveitando o triste momento que assolou e assola a histórica região mineira, em que o devastador rompimento de uma das barragens tornou os arredores num mar de lama, notadamente Mariana, cujo acervo histórico ficou quase proibitivo à presença do turismo, recordo-me de um episódio contado por D. Marlene, que na ocasião como guia de turistas, excursionava pela região histórica, onde teve em Mariana uma passagem bem complicada que a deixou momentaneamente preocupada diante do fato bem inusitado.

“Depois de excursionarem por várias localidades, após o almoço, durante o embarque ao ônibus, uma senhora no que galgou os degraus de acesso da escada, desequilibrou-se e em decorrência, teve uma torção no tornozelo. Só que durante a viagem, passou a reclamar de fortes dores, no que Marlene preocupada, resolveu se valer de um atendimento médico e recorreu à cidade de Viçosa. Mas dada a dificuldade no atendimento, permaneceram no posto (SUS) algum tempo nos procedimentos médicos, no que pese a totalidade do grupo aproveitar a visitar a aconchegante cidade. Entretanto, pela demora imprevista, um cidadão que por sinal já mostrara ser uma pessoa de “poucos amigos” pelo procedimento ranzinza exposto por estar sempre a reclamar, resolveu impor seus direitos a dizer que não aceitaria viajar à noite. Por isso contratou esta excursão, pois as viagens se dariam sempre à luz do dia. Portanto, se houvesse algum contratempo haveria pernoite como previa o contrato. Marlene tentando contemporizar a exposição de rabugice, disse ao rabugento que não se preocupasse que logo partiríamos sob a luz do dia.

O “coroa” meneando a cabeça, dando de ombro entre sussurros, proferiu; - À noite eu não viajo. Ela que se vire! Por volta das 17 horas então, seguiram rumo a Mariana, o que sem dúvida demandaria no mínimo umas duas horas. Não deu outra, quando o cidadão chega-se a Marlene a perguntar onde seria o pernoite e se ela conhecia por aquelas bandas um hotel. No que um tanto amuada, se contendo, o respondeu que se acalmasse, que logo estariam no local. Dirigindo-se ao motorista, Marlene mostrando-se contrariada, o solicita que parasse ao primeiro hotel na rodovia. Deixando a cabine, ao meio do corredor do veículo, falou ao grupo se alguém tinha problema por viajar à noite, e gostariam em pernoitar, ou seguir viagem até Mariana, já que seu Belarmino não deseja seguir viagem. Por unanimidade, todos, à exceção do tal cidadão, optaram em prosseguir. Afinal distavam a pouco menos de hora de Mariana. Não tardou, deu-se a parada num posto de combustíveis, onde um pequeno comércio existente se mantinha, em que um pequeno hotel de estrada se destacava: “Sossego & Privacidade”. Deixando o ônibus, Marlene saiu para logo em seguida retornar, a solicitar de Belarmino que descesse e que estivesse apostos às 6 horas da manhã que viria apanhá-lo, pois seguiriam para Ouro Preto.

Por volta de 3 horas da madrugada, o hotel recebeu uma chamada telefônica à procura de Marlene. Preocupada embora sonolenta, ao atendê-la, era o porteiro do hotel Sossego & Privacidade, comunicando que seu Belarmino havia sofrido um acidente no banheiro e que felizmente sem alguma gravidade, mas que existia um porém; ou seja, só pela manhã poderia ser solucionado, na presença de um “bombeiro” hidráulico ou pedreiro. Segundo foi passado, o homem por ser gorducho, possuidor de proeminente barriga e excessiva concentração de gordura, dificultava seu resgate, pois havia escorregado no piso molhado do banheiro, após levantar-se da cama sonolento e trôpego no intuito de urinar, já que bebera exagerado cervejas, caiu lamentavelmente entre as louças: bidê e vaso sanitário. Sem ter como se erguer, preso ao espaço em incômoda posição e não ter como espremer as gorduras, depois de tempo resolveu gritar a pedir socorro. Ao ser ouvido, com auxílio da chave reserva foi socorrido. Só que o porteiro por mais que tentasse ajudá-lo, não houve jeito e só mesmo um profissional para deslocar o vaso sanitário. E isso só depois do amanhecer, infelizmente...

Moral da história: Marlene às 6 horas da manhã lá estava à procura de um pedreiro, que a muito custo conseguiu, livrando o ranzinza Belarmino na dificultosa tarefa da retirada do vaso sanitário, que o prensava naquele minúsculo toalete.
Ah... esses “turistas intransigentes” que só pensam em sí a não aceitar os acasos que venham acontecer com outros, e, quando se tornam vítimas pelas próprias prevalência imposta, sempre nos presentearam com fatos bem pitorescos, dignos de muito humor em todos os sentidos...

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