06/10/2022 08h20
11 alvos da Lava Jato obtêm mandato de deputado
Pelo menos 21 polÃticos que já estiveram na mira da Operação Lava Jato devem permanecer no cenário polÃtico em 2023. Doze foram eleitos no último domingo a cargos no Legislativo e no Executivo - 11 conquistaram uma cadeira na Câmara dos Deputados e Gladson Cameli (PP) venceu a disputa ao governo do Acre. Outros sete ficaram como suplentes e seis não se elegeram.
Estarão na Câmara em 2023 Aécio Neves (PSDB-MG), Afonso Hamm (PP-RS), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Arthur Lira (PP-AL) - atual presidente da Casa -, Beto Richa (PSDB-PR), João Leão (PP-BA), Lindbergh Farias (PT-RJ), Luiz Fernando Faria (PSD-MG), Mário Negromonte Junior (PP-BA), Roseana Sarney (MDB-MA) e Vander Loubet (PT-MS).
Ficaram fora Cacá Leão (PP-BA) e Romero Jucá (MDB-RR), que buscavam vaga no Senado; Eduardo Cunha (PTB-SP) e DelcÃdio Amaral (PTB-MS), candidatos a deputado federal; e Fernando Collor (PTB-AL) e Luis Carlos Heinze (PP-RS), que tentavam governos estaduais. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputa o segundo turno da eleição ao Planalto.
Em outra frente, os algozes desses polÃticos tiveram votações expressivas. Filiado ao União Brasil, o ex-juiz Sérgio Moro, que conduziu a Lava Jato na primeira instância, foi eleito senador pelo Paraná com 1.953.188 votos, desbancando Ãlvaro Dias (Podemos).
'Fênix'
O ex-procurador da República Deltan Dallagnol (Podemos) recebeu 344.917 votos para uma cadeira na Câmara dos Deputados. Ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, ele ficou na frente de nomes conhecidos da polÃtica, como Gleisi Hoffmann, do PT (eleita com 261.247 votos), Ricardo Barros, do PP (107.022 votos), e LuÃsa Canziani, do PSD (74.643 votos). Em entrevista concedida ao Estadão na segunda-feira, Dallagnol falou no "renascimento" da Lava Jato "como uma Fênix".
"A operação alterou a rota do sistema polÃtico do mundo e o sistema de competição da disputa polÃtica no Brasil', afirma o professor da FGV Marco Antonio Carvalho Teixeira. Contudo, para ele, a eleição de tantos candidatos que passaram pelas investigações indica que os efeitos polÃticos dela "ficaram para trás".
Recall
Na avaliação do professor da UniRio e doutor em Ciência PolÃtica Fabio Kerche, "existem parcelas da sociedade que veem Moro e Dallagnol como heróis". Ele atribui a eleição dos dois a um "recall" da operação deflagrada em 2014.
Kerche vê semelhanças entre os desdobramentos da Lava Jato e da Mãos Limpas, que ocorreu na Itália. "Os promotores e os magistrados que fizeram parte também conseguiram ser eleitos. SaÃram da 'polÃtica judicial' e foram para a 'polÃtica partidária'."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo