24/02/2017 07h30
Atuação política marca gestão de Serra na pasta
Amigo do presidente Michel Temer há mais de 30 anos, José Serra chegou ao Ministério das Relações Exteriores como integrante do núcleo estratégico do governo e com a missão de ajudar a reativar a economia, fortalecendo as exportações. Mas, ao deixar a pasta nove meses após haver chegado, a principal marca de sua gestão está no campo polÃtico: a ruptura com os paÃses de linha "bolivariana".
Essa mudança se deu antes mesmo da posse. O afastamento de Dilma Rousseff da Presidência, em maio do ano passado, foi criticado por Venezuela, Cuba, BolÃvia, Equador, Nicarágua, pela Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba) e pelo secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper. Em duas notas, o ministério os acusou de "propagar falsidades" e expressar "preconceitos".
Mas a tese de que houve um "golpe" no PaÃs repercutiu na mÃdia internacional. Numa tentativa de estancar esse movimento, o Itamaraty emitiu circular orientando seus diplomatas a rebater as acusações.
Quando o impeachment de Dilma foi aprovado no Senado, em agosto, Venezuela, Equador e BolÃvia chamaram de volta seus embaixadores do Brasil, o que, no mundo diplomático, é uma crÃtica. Em resposta, o governo brasileiro fez o mesmo.
Nenhum desses paÃses ocupou mais as atenções de Serra que a Venezuela. A parte mais visÃvel de sua gestão foram as crÃticas ao governo de Nicolás Maduro, que ele acusou várias vezes de não respeitar os direitos humanos nem a democracia. E as articulações para evitar que a o paÃs assumisse a presidência do Mercosul.
Nessa empreitada, o Brasil integrou uma aliança com Argentina e Paraguai, mas foi difÃcil conseguir a concordância do Uruguai. Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ajudou, viajando com Serra a Montevidéu para uma conversa com o presidente Tabaré Vázquez. No fim das contas, a Venezuela não assumiu de fato a presidência do bloco e acabou até suspensa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo