28/01/2023 15h20
Bloco de apoio a Marinho no Senado liga Pacheco a atos golpistas de 8 de janeiro
O bloco de apoio à candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) ao comando do Senado, formado por PL, PP e Republicanos, quer colar no atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o carimbo de omissão, na tentativa de mostrar que aliados do governo Lula teriam "contribuÃdo" com a depredação do Congresso, no último dia 8, durante atos golpistas em BrasÃlia.
No anúncio da aliança entre os três partidos do Centrão, neste sábado, 28, Marinho defendeu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar "falhas e omissões" que levaram à destruição dos prédios públicos. Ex-ministro de Desenvolvimento Regional do governo de Jair Bolsonaro, Marinho disse que não poderia fazer "julgamento prévio" quanto à responsabilidade de Pacheco, mas tentou jogar para o lado do adversário a pecha de não defender as instituições.
Candidato à reeleição, Pacheco é favorito na disputa, e enfrenta intensos ataques de bolsonaristas nas redes sociais. Desde os ataques do último dia 8, porém, apoiadores de Pacheco passaram a associar Marinho, que é apoiado pelo ex-presidente Bolsonaro, à defesa da ruptura.
Aliado de Marinho, o senador Flávio Bolsonaro (PL) disse que os protestos ocorridos nos últimos meses, como os atos de 8 janeiro e o vandalismo observado após a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorreram porque Pacheco "não teve a capacidade e a visão de promover a pacificação e o diálogo". Flávio também insinuou que a atuação dos atuais chefes dos Poderes colaborou para a crise polÃtica no PaÃs e chegou a classificar as manifestações golpistas em frente aos quartéis como "pacÃficas".
"Um lado que anuncia uma pacificação e faz outra coisa, exclui o outro lado. Rogério Marinho tem o perfil para fazer a pacificação neste paz", disse Flávio, ao pregar que os votos das bancadas de PL, PP e Republicanos sejam abertos, no próximo dia 1º. O bloco de apoio a Marinho estima contar atualmente com 35 votos e avalia ter 11 senadores ainda em disputa para definir a eleição.
Ex-lÃder do governo Bolsonaro (PL) no Senado, Carlos Portinho (PL) argumentou que os ataques à s sedes dos três Poderes, no dia 8, ocorreram porque "todas as lideranças falharam". Portinho responsabilizou Pacheco, Lula e membros do Judiciário por não terem pacificado o PaÃs, o que, na sua avaliação, poderia ter contribuÃdo para a tentativa de golpe.
A estratégia do bloco de oposição a Pacheco adota o discurso de que é necessário conter o que chama de "excessos" do governo Lula e de setores do Judiciário. O bloco também critica o apoio que o atual senador recebeu de Lula. "Estamos vivendo no Brasil a transição entre dois governo que poderia ter ares de normalidade, mas, pelos acontecimentos que todos nós assistimos, não é isso que acontece", disse Marinho.
"(A nossa) causa é o resgate da normalidade democrática, do restabelecimento das garantias individuais da sociedade brasileira. O Senado não pode nem deve se omitir. Nós não podemos aceitar a censura prévia por se tornar um valor conquistado na redemocratização do nosso paÃs", afirmou o candidato do PL em alusão à s medidas do governo Lula e do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a desinformação.
Legado
Marinho defendeu diversas vezes os "legados" das gestões de Bolsonaro e do ex-presidente Michel Temer (MDB), sobretudo na área econômica. Ele prometeu construir uma agenda liberal e de defesa da liberdade de expressão, caso vença Pacheco na disputa pelo comando do Senado. O senador eleito condenou as falas do petista sobre Temer ter aplicado um "golpe" durante o processo de impeachment que afastou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
"Uma boa parte desse legado (de Bolsonaro e Temer) está em risco. Nós precisamos fazer o contraponto. Precisamos moderar a avidez e os excessos que nós estamos assistindo daqueles que estão chegando ao governo e no afã de impor a sua agenda estão destruindo as conquistas deste paÃs", afirmou. "As pessoas querem ter de novo o direito de se expressar, de falar o que pensam, as pessoas estão com medo neste PaÃs."
Apesar dos ataques à atuação de Lula e do Judiciário, Marinho disse que a abertura de processos de impeachment contra ministros do STF, em especial os endereçados a Alexandre de Moraes, não devem prosperar de imediato se ele vencer a eleição.
O afastamento de Moraes é uma das principais pautas defendidas pelos bolsonaristas, que enxergam no magistrado uma ameaça à liberdade de expressão e aos direitos individuais. O senador eleito defendeu estabelecer diálogo institucional com todos os Poderes antes de adotar medidas mais enérgicas.
Fonte: Estadão Conteúdo