18/10/2022 14h10
Bolsonaro explora em propaganda tese não confirmada de ataque a Tarcísio em SP
A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu a propaganda eleitoral da noite desta segunda-feira, 17, mencionando o tiroteio que interrompeu a agenda do candidato ao governo de São Paulo TarcÃsio de Freitas (Republicanos), horas antes, em Paraisópolis, na zona sul da capital paulista. O narrador da inserção afirma que o candidato, afilhado polÃtico do presidente, foi "atacado por criminosos", mas essa tese não tem comprovação pelas forças de segurança do Estado.
A Secretaria de Segurança Pública não descarta nenhuma hipótese sobre o ocorrido, mas informações preliminares sugerem que seria "prematuro" falar em tentativa de atentado. Em coletiva de imprensa na segunda-feira, o secretário da pasta, general João Camilo, afirmou que a investigação aponta para um confronto motivado pela presença das forças policiais na região, não necessariamente contra o candidato.
Segundo o secretário, o tiroteio ocorreu a cerca de 100 metros de onde estava TarcÃsio, à s 11h40 da manhã. As autoridades informaram que um grupo de oito pessoas, duas portando armas longas, entraram em um primeiro confronto com seguranças à paisana, o que inclui também policiais militares, que faziam a segurança do candidato.
As autoridades ainda afirmaram que não há registro de tiros disparados contra o prédio em que a equipe de TarcÃsio estava ou contra o veÃculo que transportou o candidato. Horas após o episódio, o próprio candidato do Republicanos afirmou que o tiroteio em Paraisópolis foi "questão territorial", não atentado. "(Foi) um recado claro do crime organizado de que não somos bem-vindos ali. Para mim, foi uma questão territorial, não tem nada a ver com questão eleitoral", disse durante coletiva de imprensa.
Embora tenha levado o tema para a sua propaganda, o presidente também afirmou, em entrevista na segunda-feira, que a tese de atentado é prematura. "Eu recebi um telefonema do TarcÃsio, algumas imagens também, tudo é preliminar ainda, então, eu não quero me antecipar, se foi uma ação contra a equipe dele, se foi uma ação isolada, se algum conflito já estava havendo na região. Então, seria prematuro eu falar sobre isso", declarou.
Como mostrou o Estadão, apoiadores do presidente tentam explorar o episódio para investir em uma tese de "atentado" e atacar a candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva. A propaganda eleitoral segue o mesmo caminho. O programa associou o ocorrido a um ataque a tiros contra uma igreja em que Michelle Bolsonaro e Damares Alves participariam de evento, em Fortaleza, na noite de sexta-feira, e ao atentado a faca contra o chefe do Executivo em 2018.
"Seguiremos trabalhando forte e de cabeça erguida contra o crime", finaliza o narrador do programa eleitoral de Bolsonaro.
Levantamento da Quaest mostrou que o evento gerou uma guerra de narrativas com alto nÃvel de viralização nas redes sociais, estimulando 253 mil menções por 67 mil usuários únicos em pouco mais de 7 horas.
"Contrariando a versão oficial da PM-SP, ganhou força entre os apoiadores de TarcÃsio a versão de que teria ocorrido um atentado cometido pelo PCC. Em menor grau, também investiram na associação com o PT ou (Fernando) Haddad", diz o instituto.
Adversário de TarcÃsio na disputa em São Paulo, Fernando Haddad (PT) afirmou que é "muito preocupante" o uso do tiroteio pela campanha Bolsonaro. A declaração foi feita durante participação do petista no programa Roda Viva, na TV Cultura. "Policiais afastaram, com alguma reserva, a questão de atentado polÃtico. Eu liguei para TarcÃsio e ele próprio descartava qualquer motivação polÃtica. Acho que é um uso oportunista que o bolsonarismo está fazendo", declarou.
Fonte: Estadão Conteúdo