24/02/2017 12h48
Briga online expõe racha da 'nova direita'
Passados sete meses do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o PT e outros partidos e organizações de esquerda ainda tentam encontrar o melhor caminho para se reerguer. Mas, embora cambaleante, a esquerda está se deleitando nas redes sociais com as divergências que pipocaram nos últimos dias entre grupos de direita e alguns de seus simpatizantes, em relação aos protestos em defesa da Lava a Jato e contra a corrupção, marcados para 26 de março.
"Está divertidÃssimo acompanhar a polêmica, ou melhor, o barraco", escreveu o jornalista Altamiro Borges, responsável pelo Blog do Miro e um entusiasmado defensor da tese do golpe, num post reproduzido pelo site Brasil 247, um dos mais populares entre os grupos de esquerda.
O bate-boca, que descambou para o campo das ofensas pessoais e poderá chegar à Justiça, envolve dois jornalistas identificados com a "nova direita" que surgiu no PaÃs nos últimos anos, à margem dos partidos polÃticos tradicionais, mas extrapola as idiossincrasias das redações. De um lado, está Reinaldo Azevedo, colunista do site da revista Veja e profissional de outros veÃculos de comunicação, que vem se manifestando de forma veemente contra a realização dos novos protestos. De outro, Joice Hasselmann, ex-âncora da TVeja, o canal de vÃdeo da revista, que apoia as manifestações, convocadas pelos principais grupos que organizaram os protestos pelo impeachment - o Vem pra Rua, o Movimento Brasil Livre e o Revoltados Online.
Diante da posição de Azevedo, que chamou apoiadores das manifestações de "direita xucra" e afirmou que eles vão favorecer o reerguimento da esquerda e a candidatura de Lula à Presidência, em 2018, Joice Hasselmann publicou um vÃdeo de oito minutos no Facebook em que perguntava o que tinha acontecido com "o nosso Reinaldo". No vÃdeo, Joice cobrava uma mudança de posição do ex-colega da Veja, que teme a transformação dos protestos num "fora Temer".
Azevedo reagiu por meio de um vÃdeo de 24 minutos publicado no site da rádio Jovem Pan. Ele reforçou sua posição contrária à s manifestações, disse que sentia "vergonha" dos tempos em que participava de programas da TVeja ao lado de Joice e chamou-a de "doida", "bruta", "ser obscuro" e "coitada intelectual". "Você é uma pessoa muito fÃsica, que gosta de encurtar distância", afirmou.
Depois disso, novos golpes foram desferidos, de um lado e de outro. O vÃdeo de Joice tinha, até esta quinta-feira, 23, 226 mil visualizações. O de Azevedo, 210.490. Joice, assim como Azevedo, não respondeu aos contatos do Estado, mas afirmou, em mensagem no Twitter: "Agora é Justiça", dando a entender que levará o caso aos Tribunais.
O economista Rodrigo Constantino, presidente do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e defensor em tempo integral das ideias do livre mercado, com pitadas de conservadorismo, saiu em apoio a Joice, no Facebook e no Twitter. Há meses, Constantino vem publicando posts em que faz o mesmo tipo de questionamento de Joice, um deles, publicado no inÃcio de fevereiro, intitulado Você está bem, Reinaldo Azevedo?. "A questão que ele levanta em relação à s manifestações é importante, mas poderia ter respondido com elegância", disse ao Estado.
O editor Carlos Andreazza, da editora Record, responsável pela publicação de alguns dos livros de Azevedo e de outros autores da "nova direita", declarou apoio à s suas ideias . Em artigo publicado no jornal O Globo, intitulado A quem interessa o 26 de março?, Andreazza mostrou sua preocupação com "a criminalização da atividade polÃtica" e reafirmou os argumentos de Azevedo, de que isso tende a beneficiar Lula e as esquerdas. "Num cenário de terra arrasada, em que os partidos são comparados ao PCC, em que todos são bandidos, só quem pode se fortalecer é o pior entre os piores", afirmou. "Concordo com a sÃntese do Reinaldo Azevedo: se todos os polÃticos são iguais, Lula é o melhor." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo