27/02/2017 09h00
Com prisão decretada, ex-deputado foge de cerco policial no ES
A Justiça Militar do EspÃrito Santo decretou anteontem, a pedido do Ministério Público Estadual, a prisão de quatro policiais por envolvimento no motim dos policiais militares do Estado. Eles são acusados de incitar o movimento e de aliciamento de outros policiais com a divulgação de áudios e vÃdeos em redes sociais.
A polÃcia tentou prender os quatro em suas casas, mas não os encontrou. Um deles, o ex-deputado federal e militar da reserva conhecido como capitão Assumção, foi encontrado mais tarde no 4º Batalhão da PM, em Vila Velha. Os policiais da Corregedoria da PM chegaram a detê-lo, mas ele escapou. Segundo agentes da equipe que tentou prendê-lo, Assumção, que é aliado do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), conseguiu fugir em meio a um tumulto criado por um grupo de colegas e de mulheres de policiais amotinados, que se manifestava em frente ao quartel.
Houve troca de empurrões e o ex-deputado escapou depois de receber voz de prisão.
Dos quatro militares que tiveram a prisão decretada, apenas o tenente coronel Carlos Alberto Foresti havia sido detido até a conclusão desta edição. O oficial se apresentou no sábado na unidade da PolÃcia Militar de Itaperuna, no Rio de Janeiro, e foi encaminhado para o presÃdio da PolÃcia Militar do EspÃrito Santo, em Vitória.
A PolÃcia Militar informou que está adotando medidas para cumprir as ordens de prisões dos demais policiais. Segundo o coronel Ilton Borges, as investigações apontaram que o tenente coronel Foresti, que trabalhava no centro de despacho de viaturas, desde o inÃcio do movimento, fez manifestações de apoio aos policiais com divulgação de vÃdeos nas redes sociais.
Já o capitão Assumção teve participação presencial nas entradas dos quartéis e divulgação de mensagens de apoio nas redes sociais.
No sábado, o Estado mostrou que o motim contou com o apoio de um grupo aliado de Bolsonaro no EspÃrito Santo. O secretário de Controle e Transparência do EspÃrito Santo, Eugênio Ricas, disse que há indÃcios claros de que o movimento foi de "fachada" motivado por interesses polÃticos e econômicos.
'Terrorismo digital'. Sem citar nomes, o secretário afirmou que o EspÃrito Santo viveu um quadro de "terrorismo digital" por meio da disseminação de informações falsas e boatos com o objetivo explÃcito de colocar a população em pânico, paralisar o transporte público e fechar o comércio. Segundo Ricas, 80% das mensagens partiram de pessoas e redes de fora do Estado.
"O que se espera de um movimento como esse que toda a movimentação seja do Estado, principalmente dos policiais, mas não foi o que aconteceu", disse. O secretário informou que há indÃcios robustos dos interesses polÃticos e econômicos por trás do movimento. Dados pessoais do secretário e de seus familiares foram invadidos e disseminados por e-mail durante o fim de semana. "Fica evidente a ousadia desse grupo e o que eles são capazes", afirmou. Na sua avaliação, pode ter havido crime contra as leis de Segurança Nacional e de Terrorismo.
O movimento supostamente controlado pelas mulheres dos militares perdeu a força após 21 dias de paralisação. No sábado, o governo estadual aceitou fechar mais um acordo com o grupo, estabelecendo um encontro para discutir reivindicações da categoria no dia 2 de março. Ficou decidido que não haveria mais punições de militares.
Uma equipe de especialistas em comunicação digital ajudou a reportagem a rastrear o movimento de apoio nas redes sociais ao motim da PM. Bolsonaro publicou ontem em sua página no Facebook a mesma resposta que deu ao Estado, informando que só se manifestaria sobre o assunto ao vivo e desde que a conversa fosse gravada em vÃdeo. A defesa dos envolvidos não foi localizada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo