14/12/2022 21h50
Em despedida do Senado, Tebet diz não saber 'onde vida vai me levar'
Em discurso de despedida do mandato no Senado, Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que não sabe "onde a vida vai me levar", mas que não deixará de fazer polÃtica. O tom de incerteza sobre o futuro vem em um momento no qual a emedebista é cotada para assumir um ministério no futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas enfrenta processo de fritura de alas petistas que resistem a deixá-la na pasta do Desenvolvimento Social.
"Me despeço do Senado, mas não da vida pública. Não sei onde a vida vai me levar, mas farei polÃtica enquanto viver. Lutarei e continuarei a lutar por um Brasil sem fome e sem miséria, que nos devolva a cidadania", afirmou Tebet na tribuna do Senado. Ela se despede da Casa após deixar de concorrer à reeleição ao cargo para disputar a Presidência da República e ficar em terceiro lugar no primeiro turno.
Senadores cobraram a nomeação de Tebet para um ministério. Jorge Kajuru (Podemos-PR) disse que a emedebista assumirá a pasta do Desenvolvimento Social porque espera que o "presidente Lula não queira me ter como inimigo". Rose de Freitas (MDB-ES) destacou a participação da correligionária na campanha do petista e ponderou que é preciso ter mulheres em cargos de gestão para um projeto de diminuição das desigualdades.
Em discurso afinado com o possÃvel futuro chefe, Tebet defendeu a democracia e disse que é preciso combater os retrocessos deixados pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). "Democracia e direitos constitucionais não podem se limitar a discursos de ocasião. (...) Há tantos retrocessos para combater. É preciso fazer com que o livro volte para o lugar das armas, a esperança ocupe o lugar da iniquidade, a verdade varra definitivamente a mentira, o ouvido conciliador volte a ocupar o lugar do hoje grito de ordem, que o diálogo assume o lugar do ditado, para que o amor tome o lugar do ódio", destacou.
Tebet ainda relembrou das dificuldades de sua candidatura à Presidência e exaltou o papel das mulheres na polÃtica brasileira. "Não foi fácil a decisão, mas sabia que estava em boas mãos, sabia que você iria me encaminhar no bom caminho. (Você) Viu em mim atributos que eu não tinha, principalmente o amor para servir ao meu Brasil", disse em referência a Baleia Rossi, presidente nacional do MDB e um dos defensores da candidatura.
"Nos últimos quatro anos, lutei com o fiel propósito para, junto com a bancada feminina, superar o ódio, a violência, as injustiças, a incúria polÃtica e administrativa, o descaso e a omissão que, infelizmente, marcaram, nesses quatro anos, a cena polÃtica brasileira. Jamais me imaginei ocupando espaços que, durante dois séculos, 198 anos, foram dominados pelo timbre masculino. (...) Que vocês possam dar mais atenção à s mulheres que fazem polÃtica no Brasil, vocês vão descobrir talento, competência, ética, respeito e, acima de tudo, um amor de mãe por esse PaÃs e pelas pessoas."
Fonte: Estadão Conteúdo