14/09/2022 07h10
Haddad e Tarcísio reforçam polarização nacional em debate ao governo de SP
Candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto em São Paulo, Fernando Haddad (PT) e TarcÃsio de Freitas (Republicanos) repetiram a tática de reproduzir a polarização existente no plano nacional durante o debate entre os postulantes ao Palácio dos Bandeirantes, na noite desta terça-feira, 13. Eles também se uniram para atacar o governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Garcia foi o maior alvo do encontro promovido pela TV Cultura, pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo UOL, foi Garcia.
Ao sugerir não tem padrinhos polÃticos e tentar se distanciar do ex-governador João Doria, o tucano foi criticado pelos adversários dos dois lados. "Trabalhei com cinco governadores diferentes, sempre procurei tirar o que há de melhor de cada um deles", disse Garcia.
"Todo mundo tem padrinho. Não é bem assim. O Rodrigo se esquece de que o Kassab foi padrinho dele. Fez dobrada com ele. Ele serviu ao governo Kassab aqui na Prefeitura. Foi também no governo Pitta. Foi secretário do (ex-prefeito Celso) Pitta. Brigou com Covas, foi demitido, fez campanha pro Pitta e foi secretário do Pitta. E foi secretário do Doria. Não é justo ele falar sou vice, assumi há cinco meses", rebateu Haddad.
TarcÃsio de Freitas atacou o que considerou uma postura ambÃgua de Garcia, de ora assumir os créditos por atos dos governados do PSDB e ora responder que está no cargo há apenas cinco meses. "Tenho sempre essa dúvida existencial do que, afinal de contas, você estava fazendo ou não estava fazendo", disse TarcÃsio.
O candidato do PDT, Elvis Cezar, fez duras crÃticas ao governo estadual em pergunta direcionada a Garcia - a atuação foi comemorada por assessores de Haddad e de TarcÃsio, no intervalo. Garcia também foi questionado durante o bloco de perguntas de jornalistas sobre o fato de seu irmão ter sido condenado por envolvimento na máfia do ISS. "Ninguém é responsável por irmão. Eu respondo pelos meus atos", disse Garcia.
A união de forças entre Haddad e TarcÃsio contra Garcia faz parte da tática dos dois de aproveitar a polarização nacional na disputa estadual de Lula e Bolsonaro e concentrar, neles dois, a campanha atual.
Haddad escolheu TarcÃsio para responder sua primeira pergunta. O petista falou sobre campanhas de vacinação e questionou o ex-ministro de Bolsonaro: "você acha que o governo federal agiu bem em relação à vacina?"
TarcÃsio defendeu a gestão de Bolsonaro durante a pandemia. "Nós conseguimos aplicar a primeira vacina um mês depois do primeiro vacinado no mundo", disse o ex-ministro. A primeira vacina aplicada no PaÃs, no entanto, foi em São Paulo, fruto do imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantã e em ato polÃtico conduzido pelo ex-governador João Doria, que na época vivia uma queda de braço com o governo federal. "O nosso case de vacinação foi um sucesso aà ao redor do mundo. A gente se saiu melhor do que vários outros paÃses com relação a questão da covid", disse TarcÃsio.
O petista então disse que Bolsonaro "fez pouco caso da pandemia, fez pouco caso dos e-mails que recebeu dos laboratórios produtores de vacina, cortou o auxÃlio emergencial antes da população estar vacinada". O petista lembrou de fala de TarcÃsio durante sabatina do Estadão, na qual o candidato de Bolsonaro disse que não exigiria vacinação de servidores públicos. TarcÃsio ignorou a acusação do petista sobre a demora na compra das vacinas e voltou a dizer que não obrigaria os servidores a se vacinar.
Temas nacionais apareceram em outros momentos do debate, como a proximidade recente do PT com Geraldo Alckmin (PSB) e a corrupção nos governos petistas. O candidato do partido Novo, VinÃcius Poit, acusou o PT de defender bandidos e chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "ex-presidiário".
Coube a Fernando Haddad repetir parte da estratégia de Lula para se defender das perguntas a respeito de corrupção nos governos do PT e dizer que nos mandatos de Lula órgãos de combate à corrupção foram fortalecidos. "Você tenta cultivar um tipo de postura que não contribui para a boa polÃtica do nosso paÃs", disse Haddad a Poit, depois de dizer que o pai do candidato, o empresário Wilson Poit, foi secretário de Haddad em São Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo