23/10/2022 19h40
Jefferson se entrega à PF após resistir com granada e fuzil à ordem de prisão
Depois de resistir à prisão com tiros de fuzil e uma granada, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) se entregou à PolÃcia Federal na noite deste domingo, 23. Três viaturas da PF deixaram sua casa, no municÃpio de Levy Gasparian (RJ), onde ele cumpria prisão domiciliar desde o começo do ano. O ex-deputado estaria dentro de uma delas, sendo levado à prisão.
Mais cedo, o ex-deputado (PTB) lançou uma granada contra agentes da PolÃcia Federal, ferindo dois deles, além de atirar com fuzil. Os agentes cumpriam um mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra Jefferson, quando ele reagiu à abordagem. Os agentes Karina Miranda e Marcelo Vilela, feridos na operação, estão fora de perigo.
Os agentes da PolÃcia Federal se deslocaram até o municÃpio da Costa Verde fluminense ainda no sábado, 22, para cumprir um mandado de prisão expedido por Moraes por "notórios e públicos" descumprimentos de medidas cautelares impostas a Jefferson. Em sua decisão, o ministro, cita as "ofensas e agressões abjetas" feitas à ministra Cármen Lúcia na sexta-feira, 21, quando o ex-parlamentar a chamou de "Bruxa de Blair" e "prostituta arrombada".
"As inúmeras condutas do denunciado podem configurar, inclusive, novos crimes, entre eles os delitos de calúnia, difamação, injúria (arts. 138 a 140 do Código Penal), de abolição violenta do estado democrático de direito (art. 359-L do Código Penal) e de incitar, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os Poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade (art. 286, parágrafo único, do Código Penal), além da questão discriminatória presente no vÃdeo de 21/10/2022?, ressaltou ainda o ministro.
"Durante a diligência, o alvo do mandado reagiu à ordem de prisão anunciada pelos policiais federais. Na ação, dois policiais foram feridos por estilhaços de granada arremessada pelo alvo e levados imediatamente ao pronto-socorro. Após o atendimento médico, ambos foram liberados e passam bem. A equipe da PF foi reforçada e os policiais permanecem no local com o objetivo de cumprir a determinação judicial", diz a nota da PF.
O ataque de Jefferson aos policiais federais foi inicialmente comunicado pela filha dele e ex-deputada federal Cristiane Brasil. Em um vÃdeo publicado mais cedo neste domingo nas redes sociais, ela afirmou que o pai estava enfrentando os policiais a bala, e classificou a PolÃcia Federal como "a Gestapo do Xandão", em referência à polÃcia da Alemanha nazista e a Moraes.
"Meu pai está enfrentando hoje, domingo, meio-dia, a Gestapo do Xandão, sozinho, a balas, pois não vai se entregar ao totalitarismo, à ditadura do Judiciário sobre a democracia", disse Cristiane no vÃdeo.
"Isso é só o estopim do que vai acontecer daqui para frente caso aconteça alguma coisa com meu pai. O que eu tenho para dizer para vocês é que ele não vai se entregar. Meu pai não vai se entregar. Acabou. A masmorra para ele acabou. Ninguém vai calar a voz de um inocente", afirmou. Minutos depois das postagens, a conta da ex-deputada no Twitter foi retirada do ar.
Um vÃdeo compartilhado nas redes sociais por parlamentares de direita mostra o que parece ser um circuito interno de segurança da casa de Jefferson. Uma voz, que se assemelha à do ex-deputado, começa a dizer que não vai se entregar. "Chega, me cansei de ser vÃtima de arbÃtrio, de abuso. Infelizmente. Eu vou enfrentá-los", afirma. Em outro vÃdeo, aparentemente no mesmo local, a narração diz: "Eu vou mostrar a vocês que o pau cantou. Eles atiraram em mim, eu atirei neles, ó".
No local onde, no começo do vÃdeo, se viam os agentes e uma viatura da PF, apenas o veÃculo permanecia estacionado, com o que parecia ser um rastro de sangue. "Já é a quarta vez que esses caras voltam aqui. Chega, o pau cantou".
Fonte: Estadão Conteúdo