08/02/2023 12h10
O que se sabe sobre os ataques golpistas em Brasília após um mês da invasão
Há um mês, BrasÃlia era palco de um cenário de terror e de violência. Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro depredaram os prédios públicos do Congresso Nacional, do Superior Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto. Os vândalos marcharam do Quartel-General do Exército até a Esplanada e furaram, sem resistência da PolÃcia Militar, um bloqueio e invadiram os edifÃcios dos Três Poderes.
Os episódios implicaram em uma crise de desconfiança entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os militares, houve milhares de prisões e a abertura de uma operação pela PolÃcia Federal para localizar responsáveis e financiadores dos atos golpistas.
A invasão
Relatórios de inteligência em poder do governo indicaram que 100 ônibus com 3.900 pessoas chegaram em BrasÃlia com disposição de retomar protestos de rua contra a eleição do presidente Lula no dia 8 de janeiro, um domingo. Como mostrou o Estadão, a invasão vinha sendo preparada por extremistas leais ao ex-presidente Bolsonaro desde o dia 3 de janeiro, quando radicais começaram a divulgar com grande intensidade mensagens em aplicativos como o Telegram e o WhatsApp para trazer manifestantes de todo o PaÃs para a capital federal, com todas as despesas pagas.
A segurança em BrasÃlia foi reforçada e o governo passou a falar em endurecer o tratamento contra quem adotasse discurso golpista, mas o cenário visto no dia dos ataques foi diferente. VÃdeos captados pelas câmeras externas do STF flagraram o momento em que a Tropa de Choque da PolÃcia Militar do Distrito Federal (PMDF) desmontou um bloqueio tático posicionado próximo ao Congresso Nacional que impedia a invasão dos golpistas aos demais prédios públicos localizados na praça dos Três Poderes.
Mesmo com a crise instalada, a PolÃtica Militar do Distrito Federal continuou permitindo que manifestantes transitassem livremente pela área, sem nenhum tipo de restrição. Após extremistas furarem o bloqueio, parte dos policiais abandonaram as barreiras e foram comprar água de coco em frente à Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida.
A reação
Poucos dias após os ataques, os primeiros vândalos envolvidos no episódio começaram a ser presos. A PolÃtica Militar do Distrito Federal prendeu tanto aqueles que estavam presentes quanto aqueles que estavam acampados em frente ao Quartel-General do Exército. Ao todo, mais de 1,3 mil golpistas foram levados pela polÃcia.
O Estadão teve acesso aos detalhes da situação diária que os presos que teceram diversas reclamações à s condições de vida no cárcere. Algumas crÃticas foram referente aos banhos frios, grande quantidade de pessoas em uma mesma cela, noites sobre um colchão fino lançado no chão e o mau cheiro que escapava do banheiro. Nos grupos e canais de aplicativos de mensagem, o clima de euforia passou a ser de desolação.
InÃcio das investigações
Fotografias, vÃdeos e trocas de mensagens em grupos restritos comprovam que a invasão foi um ato premeditado e organizado em seus detalhes, e não uma ação espontânea. O Estadão analisou cerca de 26 horas de transmissões ao vivo, listas de passageiros de ônibus, postagens em redes sociais e centenas de imagens. O material explicita que os manifestantes foram para BrasÃlia dispostos, efetivamente, a invadir as sedes dos três Poderes.
Outra informação foi descoberta: cerca de 20 horas antes da invasão, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) teria dispensado por escrito o pelotão de 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial.
Por ordem do Supremo Tribunal Federal, a PolÃcia Federal abriu no dia 20 de janeiro a Operação Lesa Pátria para prender preventivamente investigados sob suspeita de participarem, financiarem ou fomentarem os atos golpistas do dia 8. Até o momento, 16 pessoas foram presas preventivamente em fases da operação. A PF também cumpriu 31 mandados de busca e apreensão nas etapas anteriores da investigação.
Prevenção de novos ataques
O governo Lula quer obrigar plataformas digitais a retirarem do ar conteúdo enquadrado em crime contra da democracia e terrorismo. O prazo é de duas horas, o mesmo usado na campanha de 2022 pelo TSE para derrubada de desinformação e de notÃcias falsas.
Fonte: Estadão Conteúdo