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Continuamos a navegar nas águas mansas da história de Bom Jardim de Minas, vamos remando, hora por águas calmas, hora por águas agitadas, mas sempre somos levados a não desistir, mesmo diante das grandes tempestades. Toda viagem tem seu risco, seu momento de despedida, mas toda viagem chega ao fim, sempre marcada pelo gosto da alegria, afinal chegamos, nosso objetivo é o horizonte, a esperança é a bussola dos marinheiros idealistas. Quando remamos pelas águas da história de nossa cidade, somos convidados as reflexões e ao desafio. Vivenciamos de certa forma os mesmos desafios que os desbravadores do Velho Mundo viveram quando deixaram tudo para chegar nesta terra do Brasil. Muita história se perdeu no silêncio dos anos, outras surgem muitas ainda precisam ser descobertas.
Nossa história é rica, árabes, portugueses, espanhóis, italianos, franceses, enfim, o que pensaram quando embarcaram nos portos de suas terras Natal e vieram pelas águas do Atlântico até o porto do Rio ou de São Paulo. Quiçá pudéssemos ter uma máquina no tempo: voltaríamos aos idos dos séculos passados, apenas para uma rápida conversa, conversaríamos com o José Afonso, José Altomare, José Abbud, Manoel Victorio Nardy, Eudoxia Pena, Paschoal Mauro, Francisco Rey e tantos outros que hoje são e fizeram a história de nossa cidade. Nesta edição, saltamos do Líbano do Sr. Rachid para a Europa, as terras da Espanha para vivenciarmos a história do espanhol Constantino Cachafeiro Iglesias, o Sr. Constantino que por muitos anos destacou-se na arte da produção de ferraduras fazendo com que a praça de Bom Jardim fosse conhecida em toda região, com a saudosa “Ferraria 55 ou Ferraria do Constantino” como atesta o Jornal “O Satélite” que circulou em nossa cidade por quase quatro décadas. A viagem desta edição graças a cola
boração dos nossos amigos Nicinha, Felipe, Rita e Glória, descendentes do sr. Constantino e grandes amigos, cujos agradecimentos faço aqui de público pela sempre consideração e prontidão em nos ajudar neste intento.
Filho de Antonio Cachafeiro e Dolores Iglesias Ramos, nasceu Constantino Cachafeiro Iglesias na localidade de Moa, Espanha no ano de 1876. Aos 38 anos de idade saiu de sua Espanha chegando ao Rio de Janeiro em 1914, ao que contava para seus familiares sua vinda para o Brasil foi impulsionada por uma decepção amorosa. Na então capital da República tomou conhecimento do crescimento econômico da região do interior de Minas com a abertura de estradas e a construção de ferrovias, como já era conhecedor da arte da ferraria, decidiu transferir-se para o elegante Distrito de Bom Jardim que era um importante entroncamento da Rede Mineira de Viação, chegando em Bom Jardim acampou no Morro da Bela Vista, era assim que era conhecido o morro da Antiga Matriz .
Chegando a Bom Jardim como todo bom espanhol fez logo amigos, em especial Aristeu de Mattos, que conseguiu junto a Paróquia um terreno para o amigo espanhol e um emprego para o jovem Constantino na fábrica de ferraduras do Sr. Gumercindo Cunha onde aperfeiçoa seus conhecimentos e os produtos ali fabricados já que na Espanha já trabalhava na área. Logo estava estabilizado em Bom Jardim, onde abriu seu próprio negócio, a Fábrica de Ferraduras 55. Como todo bom espanhol, aventurou-se em novo amor nas terras do Brasil, a jovem Marcionila com quem teve os filhos Antonio, Miguel, Pedro, Lola e Rosinha Faleceu aos 87 anos de morte natural, no dia 3 de novembro de 1963, em Bom Jardim de Minas.
