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Lenilton Soares*
O momento de fazer o exame para conferir como anda a saúde das nossas cooperativas de produção é agora.
Com o café chegando a patamares de R$ 450,00 a saca, vai haver uma grande liquidação dos estoques e os cafeicultores, é claro, estarão contando com uma pequena e esperada realização de lucros. O que deve estar preocupando algumas diretorias cooperativistas é a realidade da tela versus estoque físico, ou seja, o que se apresenta na tela dos computadores (as entradas dos depositantes), com a realidade do existente no físico e, não somente o quantitativo, mas principalmente a qualidade.
Já participei da diretoria de cooperativa de crédito e fiquei surpreso com a tamanha fiscalização a que são submetidas, ora pelas centrais, ora pelo Banco Central e ainda pelas auditorias independentes contratadas.
E com as cooperativas de produção? Não acontece o mesmo. Não tem um acompanhamento eficaz como acima, apenas auditorias contratadas e escolhidas a bel prazer dos dirigentes. Ficamos aqui por acreditar e confiar na lisura dos nossos dirigentes. Temos informações de boas práticas de gestão de algumas cooperativas enxutas, dinâmicas, com visão empresarial moderna e principalmente técnicas. Porém, há informações que são de arrepiar. Gestão simplesmente amadora, salários e débitos dos dirigentes nas lojas, nas alturas. Um corporativismo e um inchaço de funcionários sem igual.
Como tocar uma estrutura desta? Infelizmente, por desconhecimento do associado, a lei que rege as cooperativas permite o uso de um percentual dos cafés depositados para manutenção da empresa. O que nem sempre é usado de forma responsável.
Atenção senhores cardiologistas! Coloquem seus equipamentos em dia, abasteçam os cilindros de oxigênio que a corrida vai começar.
Espero que meus caros colegas cafeicultores não passem pelo que aconteceu aqui em Guapé. Até hoje ainda não tivemos resultado do roubo da nossa Cooperativa, os responsáveis estão soltos, a quem deve a responsabilidade dos contratados não foi chamada a assumir os prejuízos, porém ainda acreditamos que a “justiça será feita”.
*Presidente da Sincal; Sindicato dos Produtores Rurais de Guapé
