Por Teresinha Maria Silveira Villela
Na velha Itália, Pátria de Paschoal e Ângelo Hippólito, de Attílio Rodrigues e de Camillo Rampinelli, foi também a terra natal de Vicente de Lorenzo, nascido em Latrônica de Bazilicata.
Aos dezessete anos, Vicente imigrou para o Brasil, fixou residência em Lambari, e foi também naquela cidade que casou-se com Maria Gesualde.
O casal teve oito filhos. Vicente era construtor e como tal havia construído em São Lourenço a Estação Ferroviária, o Grupo Escolar Melo Viana e algumas residências consideradas de alto luxo para uma cidade pequena e ainda carente de determinados recursos.
Fez, então, amizades importantes e duradouras e tornou-se indispensável ao progresso da cidade. Era necessário ficar dias e dias longe da esposa e dos filhos o que muito o entristecia. Aqui conquistara também a amizade dos patrícios e com eles recordava a terra que deixara além-mar.
Em 1932 mudou-se, definitivamente, para São Lourenço. Carlos Alberto, o filho caçula, tinha apenas seis anos, pois nascera a quatro de novembro de 1926. Carlinhos iniciou seus estudos no Grupo Escolar Melo Viana e matriculou-se depois no Instituto Propedêutico de Ensino Secundário.
Criado com amor numa família católica, ingressou no Seminário de Campanha onde permaneceu por dois anos. Regressando tornou-se Congregado Mariano, fazendo-se presente em todos os movimentos da Igreja ou beneficentes.
Carlinhos trabalhou no Banco de Comércio e Indústria de Varginha por pouco tempo. Depois, foi contratado pelos Irmãos Dutra como funcionário da Casa Dutra, importante estabelecimento que engrandeceu o comércio de São Lourenço e vizinhança.
Esteve com seu irmão, José, à frente da Casa Oscar Rudge, dos Irmãos Rudge. Mais tarde, compraram o estabelecimento.
Em meados de 1962 ante a crise financeira que o país atravessava, foram obrigados a desfazer a sociedade vendendo o fundo de negócio a Afonso Nascimento.
A partir de então, prestou serviços à Mobiliária São Lourenço e também à Mercearia Gomes. Entretanto, deu tudo de si quando ingressou como funcionário do Colégio Comercial que funcionava no prédio do velho ginásio. Quando a escola mudou-se para o centro, funcionando nas salas anexas à Igreja Matriz, Carlinhos assumiu o cargo de Secretário. Mais tarde, a escola mudou-se para o prédio da Escola Nossa Senhora de Fátima e, a pedido de Carlinhos ao Prefeito Mário Mascarenhas de Oliveira, a escola mudou-se de nome e tornou-se Escola Municipal “Frei Osmar Dirks”.
Quando o Dr. José Celso Garcia assumiu a Prefeitura instituiu eleições para a diretoria das escolas municipais. Carlinhos foi eleito Diretor-Administrativo da Escola Frei Osmar Dirks. Esta escola foi sua realização pessoal. Dedicou-se a ela com todas as suas forças!
Carlos Alberto de Lorenzo era carinhosamente chamado por “Tio Carlinhos”, por seu carisma e bondade. Pessoa simples, despretensiosa, humilde, sempre de bom humor, sorriso eterno enfeitando - lhe o rosto rosado.
Carlinhos seguiu os caminhos de São Francisco de Assis como membro da Ordem Franciscana Secular. Era um homem da “Paz e do Bem”! Prestigiado ou elogiado, sorria encabulado.
Era Ministro da Eucaristia.
Casou-se a quatro de dezembro de 1955 com Dirce Bacha. Tiveram cinco filhos: Tereza Maria, Renato, Elizabeth, Mônica e Carla. Em 1995, viajou para a Europa. Talvez estivesse realizando o sonho do velho pai: rever Latrônica.
Viveu este sonho com intensidade, conheceu Latrônica e pôde abraçar parentes. Sentiu-se Italiana ao pisar o solo onde seu pai pisou e entendeu a grandiosidade da saudade que ele sentia.
Carlinhos aposentou-se em 1992. E a 29 de julho de 2001, Deus o chamou.
Carlinhos não deixou como herança bens materiais, mas legou aos filhos um nome honrado e limpo. Este tipo de herança será sempre o orgulho de seus descendentes e será tão grande quanto o infinito.