Por Stefan Salej
O que é isso mesmo? Talvez os mais educados lembrem que tem algo que ver com a morte de judeus durante a Alemanha nazista. Mas, o que tem que ver isso com os dias de hoje, já que a Alemanha foi derrotada em maio de 1945 e os problemas que nos assolam no dia a dia são tão diferentes.
Para esclarecimento estatístico e registro da história, relembramos que foram assassinados pelos alemães durante a ditadura nazista mais de 6 milhões de judeus, ou seja duas vezes a população de Belo Horizonte nos dias de hoje. Mas, foram também mortos ciganos, homossexuais, pessoas com deficiência física e mental, adversários políticos, padres católicos, ou seja todos os que o regime considerava indesejáveis. Recentemente, a Enciclopédia de campos e guetos, que vai ser concluída no ano 2025, divulgou que tinha na Alemanha 42.500 campos de perseguição nazista. Mais de 70 anos após o termino da guerra, toda a verdade da crueldade nazista e seus aliados fascistas italianos está longe de ser descoberta.
As Nações Unidas declararam 28 de janeiro o Dia do Holocausto, em função da liberação nessa data, em 1945, pelo exercito soviético, do campo de concentração de Auschwitz, onde foram mortos mais de 1 milhão de pessoas.
Esse genocídio não pode ser esquecido e nem repetido. A sua lembrança se choca diretamente com a questão do que somos capazes em ódio racial que se passa na nossa frente. No Brasil, que apesar da forte presença de ativistas nazistas, se decidiu, único país da América Latina, participar ao lado dos aliados na luta contra o nazismo, a história do holocausto parece mais distante do que na Europa. O Brasil também participou ativamente da constituição do Estado de Israel e durante a perseguição aos judeus na Europa, após guerra, permitiu a entrada deles onde constituem ao lado de outras comunidades, uma comunidade ativa na cultura, negócios e educação.
Mas, não se pode negar que o Brasil também recebeu, de forma não velada, inúmeros nazistas e entre eles se escondeu aqui por muitos anos o infame médico Mengele.
A história do Holocausto não faz parte do currículo escolar brasileiro. Aliás, isso faz parte de nossa negligencia com o ensino de historia, que sem dúvida é base da formação da cidadania. Nesta hora de lembrança do Holocausto, por sinal comemorada pela comunidade judaica de Minas, cabe reavaliar quanto somos indiferentes às injustiças sociais que se passam aos nossos olhos todo dia no Brasil, na nossa cidade e no mundo. Quanto somos como indivíduos capazes de ignorar e até agredir com palavras, atos e discriminação os diferentes de nos, sem compreender e conviver com eles.
Lembrar os 6 milhões de judeus mortos no Holocausto é, antes de mais nada, agir diferente dos nazistas, lutar por um mundo mais justo, igual e com mais respeito à diversidade.
Você faz isso?