Aconteceu no dia 21 de fevereiro, em João Monlevade, durante reunião extraordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Piracicaba, o projeto Expedição Piracicaba – Pela Vida do Rio.
Durante o lançamento, o editor Tribuna do Piracicaba – A Voz do Rio, Geraldo Magela Dindão, apresentou a uma plateia representada por todos os atores – prefeituras, empresas e sociedade civil dos 21 municípios da bacia, a proposta da Expedição.
Representantes de empresas, do poder executivo e sociedade civil das 21 cidades que compoem a bacia se fizeram presentes
Promover um dos mais completos diagnósticos de um curso d’água já realizados no Brasil e mobilizar a sociedade para a revitalização desse patrimônio. Esse é o objetivo da Expedição Piracicaba – Pela Vida do Rio, iniciativa do jornal Tribuna do Piracicaba em parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Piracicaba (CBH-Piracicaba). Pela primeira vez o rio Piracicaba, um dos principais afluentes do rio Doce, será navegado da nascente, em Ouro Preto, até a foz, em Ipatinga, tendo como pano de fundo a realização de um levantamento científico. A expedição ocorrerá durante a Semana Nacional do Meio Ambiente, entre 26 de maio e 5 de junho.
Dindão fez a apresentação do projeto da Expedição Piracicaba - Pela Vida do Rio durante reunião extraordinária do CBH Piracicaba
Profissionais da área ambiental da Universidade Federal de Itajubá (Unifei - Campus Itabira), instituição responsável pela coordenadoria técnico-científica do projeto com apoio de profissionais de outras instituições, farão as análises dos parâmetros do corpo d´água entre outras pesquisas. Os estudos terão como objeto a qualidade da água, uso e cobertura do solo, avaliação e cálculo dos parâmetros hidrológicos e coleta e análise de sedimentos. A partir do trabalho os pesquisadores terão à disposição dados completos sobre as reais condições do Rio Piracicaba.
O professor José Augusto, Coordenador pela UNIFEI do Mestrado Profissional em Gestão de Recursos Hídricos (ProfÁgua), responsável pela equipe da Unifei na Expedição disse enxergar na expedição uma grande oportunidade de verificação in loco das atuais condições ambientais, sociais e econômicas da bacia do rio Piracicaba: “É uma legítima e real tentativa de dar prosseguimento ao trabalho pioneiro da “Expedição Piracicaba 300 anos depois” que se consagrou como marco na história ambiental da região. Esta expedição trará dados concretos da atual situação ambiental da bacia do rio Piracicaba, incorporando informações técnicas com uma visão dos problemas conjunturais oriundos das mudanças e ações integradas sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos”, revelou.
O professor José Augusto da Unifei, coordenador do Mestrado Profágua da ANA e coordenador Tecnico da Expedição relatou sobre a sequencia do trabalho da Expedição Piracicaba 300 Anos
Já para o presidente do CBH Piracicaba e vice-presidente do CBH Doce, Flamínio Guerra, a iniciativa não poderia ocorrer em momento melhor: "A Expedição Piracicaba - Pela Vida do Rio será uma oportunidade para o CBH Piracicaba estreitar laços com todos os atores envolvidos na vida do rio e, principalmente, vivenciar a realidade da bacia. Cabe destacar também o levantamento técnico-científico que será realizado pela Unifei durante a Expedição, que sem dúvida será de grande utilidade para produzirmos um diagnóstico que poderá direcionar o desenvolvimento de políticas hídricas para a recuperação da bacia", disse Guerra.
BASE DE DADOS
Sobre os estudos da qualidade da água, serão considerados os mesmos parâmetros adotados em uma expedição empreendida no rio Piracicaba em 1999, o que criará uma base de comparação confiável sobre o ecossistema do curso d’água. A presente pesquisa enriquecerá essa base de dados com outros parâmetros para a construção do Índice de Qualidade da Água (IQA).
A EXPEDIÇÃO
Os profissionais envolvidos na expedição – engenheiros ambientais, geólogos, geógrafos, cinegrafistas, fotógrafos e jornalistas entre outros – percorrerão as 21 cidades da bacia e estarão divididos em duas equipes: uma seguirá por terra e a outra descerá o rio em botes e caiaques. Em todas as localidades serão promovidos eventos de cunho socioambiental e cultural.
Durante as paradas, enquanto alguns profissionais trabalharão nas atividades de pesquisa no leito do rio, outros participarão das atividades de mobilização social, promovendo debates sobre os problemas enfrentados pela bacia do Piracicaba, os desafios socioambientais de cada comunidade e, principalmente, sobre a necessidade de resgate do curso d’água.
O desenvolvimento e os resultados alcançados pela Expedição serão desdobrados em produtos como filmes-documentários, exposições fotográficas, publicação de revista e o livro-relatório Expedição Pela Vida do Rio, que trará a descrição dos trabalhos desenvolvidos e conclusões da equipe técnica, além de quadro comparativo entre os dados de outras duas expedições realizadas no Piracicaba há 20 e 30 anos, respectivamente.
ESTUDOS ANTERIORES
Há cerca de 30 anos, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) iniciou um trabalho de pesquisa sobre a qualidade das águas do Piracicaba. Passados 10 anos, foi promovida a Expedição Piracicaba – 300 Anos Depois, que deu continuidade e ampliou o trabalho de pesquisa anterior.
Agora, a Expedição Piracicaba – Pela Vida do Rio propõe um novo levantamento, navegando todo o rio, para despertar de vez na sociedade a urgência da preservação de um dos mais importantes cursos d’água de Minas Gerais.
O RIO
O Rio Piracicaba nasce a 1.680 metros de altitude, em um dos vértices da Serra do Caraça, no distrito ouro-pretano de São Bartolomeu, percorrendo 241 km até desaguar no Rio Doce no município de Ipatinga. A ocupação da bacia começou há 320 anos, motivada pela extração de ouro e pedras preciosas, empreendida por bandeirantes vindos de São Paulo.
Além de abranger 21 municípios e mais de 800 mil pessoas, a bacia do Rio Piracicaba abriga duas importantes unidades de conservação, a Reserva Particular do Patrimônio Natural do Caraça (RPPN) e o recém-criado Parque Nacional Serra do Gandarela, importante zona de recarga fluvial que guarda aquíferos que contribuem diretamente para a manutenção do ciclo hídrico. Vale destacar também que a bacia do Rio Piracicaba atende a um dos mais importantes polos siderúrgicos do país.