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Regional
21/03/2017 09h07

População volta a reclamar de mau cheiro gerado pelo “Curtume”

Empresa Mata Comércio de Couro alega estar dentro do limite exigido pela lei

Segundo moradores, o odor exalado é insuportável/Foto: Lais Guimarães

O odor exalado decorrente das atividades do Mata Comércio de Couro, conhecido como Curtume, voltou a incomodar os moradores dos bairros Monte Verde, Carioca e adjacências. Os munícipes dizem que o mau cheiro tem se intensificado desde o fim do ano passado. A empresa, especializada em processamento de subproduto bovino, afirma seguir as leis ambientais exigidas.

A companhia recebeu diversas reclamações ao longo dos últimos anos. Os moradores, inconformados com a situação, já fizeram abaixo-assinados e o caso chegou ao Ministério Público. Nesse meio tempo, a instituição teve que assumir uma série de compromissos para continuar com as atividades, através de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta). O MP exigiu que as carcaças fossem transportadas em caminhão fechado; que houvesse destinação adequada dos resíduos e que a empresa instalasse mais um purificador.  

José Maria de Souza, de 67 anos, reside no bairro Monte Verde desde 2012 e considera o cenário caótico. “O cheiro produzido pela fumaça é insuportável. Às 05h da manhã, o cheiro já é horrível. Não dá para respirar. Eu e minha esposa sempre temos dor de cabeça. O odor toma conta de toda a região até mesmo com as janelas de minha casa fechadas”, relata.

A empresa ressalta estar dentro da lei e de todas as determinações exigidas com os últimos processos. Uma fiscalização, segundo a companhia, é feita anualmente para averiguar as condições legais de seu funcionamento. “Tudo se encontra formalizado junto à promotoria e a justiça de meio ambiente. Não há nenhuma ilegalidade contra o direito ambiental. Todos os estudos e medições requeridos pelo MP foram atendidos”, afirma André Romão, advogado do Mata Comércio de Couro.

O administrador, Samuel Marques Moraes, de 28 anos, mora no Monte Verde desde sua infância e também se sente prejudicado com o forte odor. “O problema na minha casa e, aqui na rua onde moro, é durante a madrugada entre 04h e 05h da manhã. O cheiro sempre é sentido neste período da noite, quando não há fiscalização. Acho que é um horário oportuno para eles [empresa] fazerem render mais. Às vezes, o cheiro já está forte por volta das 21h. Dá impressão que estamos largados, sem respaldo dos órgãos ambientais”, enfatiza.

O promotor de justiça Leandro Pannain Rezende, que acompanhou todo o processo, confirma a versão da empresa, de que a atividade está sendo executada legalmente, e alega não poder fazer mais nada a respeito. “Nós fizemos uma perícia e os parâmetros de efluentes gasosos estavam dentro da normalidade. Às vezes, as pessoas reclamam do cheiro, mas este fator nem sempre significa punição ambiental. O odor, decorrente do trabalho feito pela empresa, pode incomodar mesmo, porém, na área ambiental, eu já não tinha mais o que fazer. A companhia está dentro do limite do que é permitido”, afirma.

Ainda, de acordo com o promotor, o que resta agora é ver se a saúde dos munícipes está sendo prejudicada. Caso seja comprovado, os moradores devem procurar a promotoria de saúde da cidade. “Se o cheiro estiver prejudicando a saúde deles é outra história. Ambientalmente, a empresa está correta até a última vez que enviei técnicos no local. Se eles [moradores] querem recorrer à justiça não podem mais procurar a promotoria alegando mau cheiro. A saúde é outra questão. Eu não posso fechar uma empresa por causa do forte odor”, reforça.

O Mata Comércio de Couro investiu mais de R$ 800 mil em 2016, na troca de filtros, digestores e prensa. Além disso, uma nova máquina, no valor de R$ 250 mil, deve ser comprada para diminuir o odor. A empresa existe há 65 anos e, quando instalada no município, ficava há 2 kms de distância do centro urbano. Atualmente, 45 pessoas trabalham na instituição.

A companhia trabalha com o processamento de sebo, que é destinado a produção de sabonete, sabão, biodiesel e glicerina. Além disso, a empresa produz uma farinha, que serve como ingrediente para ração de galinha. A firma possui ainda uma estação de tratamento de água para descartar corretamente o resíduo gerado com a fabricação dos produtos.

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