Tenho ouvido nos últimos tempos rumores. Confesso que não suporto rumores, sobretudo rumores políticos. Eles me fazem lembrar do nosso velho Ulisses Guimarães de que “só os loucos e os incompetentes não sabem que, na política, até a raiva é combinada”. Ulisses não foi o único a cair de um avião no litoral da região de Angra dos Reis. 2017 começou como um prelúdio de tempos sombrios, seja em Ilha Rasa, Paraty ou na Casa Branca, na cidade de Washington.
Há rumores, rumores e mais rumores. Lamentável que só rumores, detestáveis rumores, onde há rumores não há ação, e o que mais precisamos hoje no Brasil e nas nossas cidades são de ações positivas. Faltam ideais, faltam protagonistas e um bando de sonhadores.
Lembrei-me agora de Itamar Franco, cuja biografia escrita por Ismair Zachetto, chegou às minhas mãos por uma pessoa muito querida.
Como “Itamar e o bando de sonhadores” faz falta para nossa juventude, para toda uma Comunidade, perdemos a nossa maior característica: os sonhos da esperança. Estamos perdendo a grande oportunidade de sermos como Itamar, loucos sonhadores por ideias e assim amadurecermos o espírito público.
A nossa falta de esperança nos faz omissos e assim vítimas do que estamos assistindo, atônitos, dia após dia, nos noticiários do Brasil e do Mundo, e até mesmo nas rodas de conversa da Praça Presidente Vargas, a diferença são as porcentagens, aumentos em Brasília estratosféricos, aumentos aqui que parecem poucos, mais que no somatório é a demonstração da falta de espírito público e do compromisso social com a tão apregoada ética que fica esquecida uma semana após as eleições. Que pena! Já sobra culpa até para a República, tanto que não são poucos que choram à Monarquia ou possível intervenção militar. Prelúdio...
Novamente peço ajuda ao Ulisses “é necessário ouvir as vozes roucas das ruas”, então ouçamos com os olhos. As ruas já sussurram há tempos, e até mesmo as ruas de Bom Jardim de Minas parecem começar a gritar. Há tempos lia no final de uma tarde fria da Mantiqueira um semanário francês que comentava que o movimento brasileiro causava “perturbação à ordem de um país que parecia viver uma espécie de vertigem benfazeja de prosperidade e paz, e fez emergir não uma, mas uma infinidade de agendas mal resolvidas, contradições e paradoxos. Mas, sobretudo, fez renascer entre os brasileiros a utopia de um país que não quer ser apenas próspero, mas cidadão”.
Não suportamos é a mudança de aparência e transparência que é travestida de conveniência pelo interesse privado, o povo quer civismo, civilidade, uma mudança no modo de operar e no fazer política. Cansamos é da velha politicagem, do populismo e do faz de conta.
Se janeiro é o prelúdio de um novo tempo, desejo neste primeiro artigo de 2017, que o Brasil seja rebelde, quiçá um bando de loucos rebeldes, que nossa cidade seja rebelde e nosso povo, o bom-jardinense e o brasileiro, sejam tomados pela sadia rebeldia da consciência de que é preciso mudar os passos e que só devemos marchar para o progresso, o passo inicial é ação.