Por Mariana Menezes
Há 18 anos, no ano de 2000, 12 amigas de várias cidades do Sul de Minas se reuniram com um mesmo objetivo: criar um Clube de Leitura, onde se reuniriam para ler obras de vários seguimentos. O primeiro encontro aconteceu na cidade de Campanha onde, na oportunidade, as amigas conheceram o renomado professor e escritor Serrano.
Desse primeiro encontro nasceu a Rede Sul-Mineira de Clubes de Leitura (Clê-Sul de Minas), que cresceu e hoje já está em 177 das 250 localidades sul-mineiras, em mais de 170 cidades e 80 distritos, instalados nos mais variados espaços, tanto públicos como particulares; urbanos e rurais. Vai desde bibliotecas, livrarias, equipamentos culturais, hospitais, albergues, lares de crianças e de idosos, instituições de atendimento a dependentes químicos e a pessoas com deficiência e unidades prisionais até casas particulares, com alcance local ou regional, de forma presencial ou virtual. O projeto se expandiu e hoje integra o Coletivo Cultural Polígono Sul-Mineiro do Livro. E a ação não para, agora ele chega a São Lourenço, Caxambu, Cambuquira e Lambari.
Quem conta a história do projeto e seus próximos capítulos é Cristina Andrade, mais conhecida como Kiki, que é da cidade de Varginha e entrou para o grupo em 2004. Hoje ela é a Coordenadora da Rede Sul-Mineira.
Kiki explica que o Clube é considerado como uma prática de leitura coletiva e compartilhada, resultado de encontros sucessivos, para discutir a leitura de uma obra literária (ou não). Não há a pretensão de, nestes encontros, discutir aspectos acadêmicos ou desenvolver análises textuais técnicas. Trata-se de uma possibilidade coletiva de leitura, permeada pela interatividade, cumplicidade, em que os participantes nem sempre detêm os mesmos conhecimentos sobre o tema ou a obra em tela. Participam um conjjunto de leitores, ouvintes, mediadores de leitura, agentes de leitura, contadores de histórias e demais interessados na realização de uma série de reuniões regulares com o propósito de conversar e compartilhar suas experiências de leitura.
“A intenção é não deixar ninguém de fora da proposta de leitura. É sempre uma proposta incrementada com músicas, apresentações artísticas para ter interatividade dos participantes”, ressalta a diretora.
O Clube do Livro também faz a propagação da leitura por meio de campanhas, ações, projetos, programas, planos que valorizem e democratizem o acesso ao livro e incentivem a leitura.
Kiki conta que a periodicidade e o formato dos encontros variam de cidade para cidade e quem escolhe são os participantes. “A periodicidade dos encontros é variável, vai depender de cada grupo. Cada cidade escreve sua história e o formato também vai de grupo para grupo”.
Esses diversos modos de funcionamento de círculos de leitura podem ser agrupados em três tipos: os estruturados, os semiestruturados e os abertos ou não estruturados.
Num círculo de leitura estruturado, os participantes se apoiam num roteiro com atividades bem estabelecidas pelo coordenador para o acompanhamento da leitura, a discussão e o registro de conclusões. Os círculos semiestruturados são acompanhados por um coordenador, que organiza as atividades e orienta o processo de leitura dos participantes.
Os círculos abertos ou não estruturados têm condução coletiva das atividades de leitura, as quais se atêm à seleção das obras e a subsequente discussão sobre as impressões de leitura.
Nos encontros, normalmente, conta com um repertório de atividades que contemplam desde sessões de leitura (rodas e círculos), sessões de narração de histórias, contação de causos, programas de alfabetização (notadamente para pessoas com deficiência, jovens, adultos), ciclos de estudos, aulas, oficinas, (criação literária, criação artística, produção textual, produção imagética).
Pode ocorrer e já aconteceu também lançamentos de livros e publicações, sessões de autógrafos, entrevistas com autores, conferências, palestras, saraus poéticos, apresentações culturais, exposições artísticas, mostras artesanais, mostras gastronômicas. Além da participação dos grupos em feiras, festas, festivais, fóruns do livro.
“Foi uma pequena árvore que virou uma floresta. Pequeno grupo de leitura e hoje já existem vários grupos de vários segmentos. Achamos que o encontro é muito mais atraente e convidativo do que você ler um livro de maneira solitária e depois de realizar a leitura não compartilhar. Estar vinculada ao grupo estimula a leitura e entusiasma, fazendo com que o desejo de cultivar a leitura não acabe, ele é sempre cultivado e renovado. Um frequentador do clube nunca desanima. Nunca é desinteressante é sempre animado e implementado. É uma atividade que só traz alegria. Comprovamos na prática que ele realmente funciona é como é agradável”, comemora KiKi.
O lançamento de inauguração dos novos clubes acontecerá no dia 22 de setembro (sábado) na Livraria Estação Mercado do Livro em Lambari e contará com a presença do Lucas Guimaraens, bisneto do ilustre poeta mineiro de Mariana, Alphonsus de Guimaraens. Estarão presentes também representantes de cada cidade, apoiadores e amantes da leitura.