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Mineradora investe R$ 3,7 bilhões e pode gerar 2 mil empregos no interior de MG. A mineradora anglo-australiana BHP Billinton Brasil vai investir R$ 3,7 bilhões numa nova unidade de mineração em Minas. O empreendimento inclui operações de lavra de minério de baixo teor nos municípios de Ouro Preto e Itabirito, onde a empresa detém direitos minerários, e uma planta de beneficiamento (melhoramento da qualidade) de minério em local ainda indefinido.
O protocolo de intenção para a viabilização do empreendimento foi assinado nessa quinta-feira. A previsão é gerar 1.100 empregos diretos e 1.100 indiretos. A unidade terá capacidade de produção inicial de 20 milhões de toneladas de concentrado de minério de ferro por ano. A expectativa é destinar entre 10% e 20% desse volume para o mercado doméstico e o restante para a exportação.
Esse é o primeiro investimento da BHP Billinton Brasil sem sócios em Minas. A empresa é sócia da Vale na Samarco Mineração, com participação de 50%. No Brasil, ainda detém participação acionária na Alumar (36%) e na MRN (14,8%). Juntas, as sócias da mineradora empregam direta e indiretamente 10 mil pessoas no país e em 2010 geraram receita de R$ 3 bilhões. Como alternativa para a logística de exportação, a empresa considera transportar o minério por via férrea até o porto de Sepetiba, em Itaguaí, no Rio de Janeiro. O projeto deverá ser concluído em 2017.
O investimento é uma aposta da BHP Billinton na permanência dos preços do minério de ferro no mercado internacional em altos patamares em longo prazo, acredita Paulo Camilo Vargas Pena, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Hoje, a tonelada de minério colocada na China sai a US$ 170. A opinião dos especialistas se divide entre os que acreditam que o minério pode descer a US$ 100 e os que apostam que deverá permanecer na faixa dos US$ 170 nos próximos cinco anos. “Ainda que o preço caia a US$ 100, a remuneração continua muito boa”, observa Pena.
Efeito China
A manutenção dos preços da commodity em patamares elevados obedece ao efeito China. O país asiático espera ver migrar 800 milhões de chineses do meio rural para as áreas urbanas nos próximos 20 anos. “São quatro Brasis. Isso ainda será somado ao processo de urbanização que o mundo começou a atravessar em 2009”, diz o presidente do Ibram. Naquele ano, a população mundial se dividiu meio a meio, entre as áreas urbanas e as rurais. A projeção é que em 2050 dois terços da humanidade viverão nas cidades, aponta o instituto.
O anúncio do investimento foi feito nessa quinta-feira no Palácio Tiradentes, mas o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, não sabia da novidade. “Nós não temos nenhuma informação. A empresa não solicitou nenhum licenciamento ambiental. Andou fazendo pesquisas informalmente, mas não nos apresentou nada até agora. Fui surpreendido com o anúncio”. De acordo com ele, para Ouro Preto, o investimento representa geração de emprego e renda. “O patrimônio histórico não será ameaçado”, acredita. Segundo ele, o município tem extensão de 1.300 quilômetros quadrados divididos em 12 distritos. Ali já atuam Vale, Samarco, Gerdau e Namisa. Além disso, saem de Ouro Preto quatro minerodutos que vão em direção ao Espirito Santo.
Paulo Sérgio Machado Ribeiro, subsecretário de Desenvolvimento Mínero-Metalúrgico e Política Energética de Minas Gerais, explica que a BHP Billinton já detém os direitos minerários das áreas que serão ocupadas pelo empreendimento e que o processo de licenciamento ambiental começa logo após a assinatura do protocolo. A mina ficará localizada na divisa de Ouro Preto com Mariana e o processo de licenciamento vai durar cerca de um ano e meio, estima.
Gigante mundialMaior empresa de mineração do mundo, a BHP Billiton surgiu em 2001 com a fusão da australiana Broken Hill Proprietary Company (BHP) com a inglesa Billiton. Com operações em 25 países e faturamento global da ordem de US$ 52,8 bilhões, a gigante da mineração mundial tem negócios nos setores de petróleo e gás, minério de ferro, carvão mineral (metalúrgico e energético), manganês, cobre, alumínio, níquel, titânio, urânio, diamantes e prata. A companhia conta com 36 mil trabalhadores em todo o mundo.
