Entrevista com o Ten. Cel. Leonel Junqueira em homenagem aos ex-combatentes da FEB
Por Gislene Vilela
Uma reportagem em homenagem aos 70 anos da Força Expedicionária Brasileira. Várias solenidades serão realizadas no Brasil relembrando o dia em que os oficiais do Exército alemão assinaram sua rendição às tropas aliadas, conhecido como o “Dia da Vitória”, dia 08 de maio.
Em reconhecimento da importância de todos os ex-combatentes que participaram da II Guerra Mundial no processo histórico do Brasil e em especial aos veteranos com vínculo com São Lourenço e outras cidades da região sul mineira, os 25.334 brasileiros - entre homens e as mulheres enfermeiras - nesta ocasião, serão representados através de uma entrevista com o ex-combatente e autor do livro “Força Expedicionária Brasileira – Fragmentos de história”, o Tenente Coronel Leonel Junqueira.
Jornal Correio do Papagaio: Fale um pouco do cotidiano no Front - frente de batalha.
Tenente Coronel Leonel Junqueira: Durante quase 365 dias de operações de guerra, seja perto ou distante do inimigo, nossas vidas tiveram em perigo. Pisávamos o mesmo terreno que antes era ocupado por ele, e que com a sua retirada, muitas minas mortíferas foram plantadas por ele.
JCP: A tomada de Monte Castelo pela FEB assinala entre as principais páginas da história militar brasileira?
TC Leonel: Sim. Não somente a tomada de Monte Castelo, mas também a de Montese. Estas foram as mais sangrentas batalhas travadas pela FEB.
JCP: Qual a lembrança que vem mais à memória sobre esse terrível episódio?
TC Leonel: Foi lembrar da morte de centenas de companheiros ainda jovens, que mesmo diante do perigo, ainda sonhavam em retornar à Pátria, para o merecido aconchego familiar.
JCP: O senhor pode nos contar um pouco sobre a diferença entre sua primeira e última viagem de navio? Sendo que na primeira ia rumo à guerra e na segunda foi para comemorar os 100 anos de vida.
TC Leonel: Sim. Na minha primeira viagem marítima, há mais de 70 anos, além do desconforto total (alimentação insuportável, pracinhas disputando quem vomitava mais, dormindo em duros beliches abaixo da linha d’água e um calor infernal), nosso navio mudava de rumo toda vez que detectava algum submarino inimigo à nossa espera. Senti-me como se estivesse viajando para o INFERNO. Isto me faz lembrar um dito popular: “Se fugir o bicho pega; se ficar o bicho come”.
Na segunda viagem marítima, em dezembro de 2014, era tanto luxo e conforto a bordo, que me senti desfrutando de um pedacinho do PARAÍSO.
JCP: Um ex-combatente centenário, com uma experiência de vida contendo tantos ensinamentos, pode deixar uma mensagem a toda a sociedade.
TC Leonel: Se os governantes soubessem das consequências desastrosas de uma guerra, antes de equiparem seus exércitos para a luta, tentariam resolver os problemas litigiosos através dos canais diplomáticos.
Nome de expedicionários com vínculo com a cidade de São Lourenço
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Coronel Alírio Granja, 94 anos, veio morar na | Antônio de Oliveira Rezende, 92 anos, reside |
cidade em 2002 | em São Lourenço desde 1970 |
Falecidos:
Amadeu Tomé |
Moacyr José Gonçalves |