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São Lourenço - Notícias
29/01/2015 08h50

Badenhá Foli: a família que faz música junto

Cultura e tradição africana inspiram uma família muito original a trabalhar a disciplina, o amor, a tolerância e muita música.

Luiz Loyola Massaccesi, conhecido por todos como Luca, é músico percussionista e em 1996 conheceu o djembe, pelo qual se apaixonou instantaneamente.  Em busca de conhecimentos mais técnicos e profundos acabou partindo para a Europa com a sua família em 2000.

“Na cultura africana a família está sempre junta. Em uma família de músico, geralmente todos vão ser músicos”, conta. E assim, ainda na Europa, começou a ensinar as filhas, Lua, Areia e Vida, que na época tinham 12, 10 e 6 respectivamente.

A paixão do pai contagiou toda a família e hoje em dia, com 15 anos de estudo, eles fazem apresentações em todo o Brasil, oferecem oficinas em casa de djembe e de dança africana e ainda constroem os seus próprios tambores.

Além disso, a família continua estudando música tradicional guineana, buscando os mestres africanos para aprender e evoluir cada vez mais. “É um estudo sem fim. É muito ritmo, é muita variação. Tem muitas etnias, e cada etnia tem o seu jeito de tocar, os seus ritmos”, afirma Lua, a filha mais velha, e tocadora de djembe.

 “Estamos cada vez mais nos aprofundando na música erudita africana. É muito especial”, diz Luca. “E a musica africana é mais um estudo espiritual do que qualquer outra coisa”, ressalta.

“Sempre agradeço meu pai e minha mãe por terem instigado a gente. Hoje sabemos fazer várias coisas, foi um aprendizado de produzir, de tocar. Espiritualmente, intelectualmente acho que ajudou bastante. Até entre nós, de tolerância, de respeito, de humildade”, acrescenta Lua.

Durante 10 anos a família se reuniu com amigos e apaixonados da cultura africana em seu sítio no Mato Dentro, zona rural de Soledade de Minas. Todo sábado faziam uma grande festa onde apresentavam o estudo que realizavam. Nesse período nasceu o ‘Djembe Folá’ (que significa o ‘tocador de djembe’ em malinkê) e gravaram o primeiro CD.

“A apresentação não foi o nosso foco principal. Foi o estudo. Mas a consequência do estudo obviamente é a apresentação. Porque é legal mostrar para as pessoas o que este instrumento pode fazer”, explica Luca. Para Vida, a caçula da família, é também a banda que os mantem juntos, unidos.

Hoje em dia a banda tem um novo nome: Badenhá Foli, que em dialeto malinkê significa “a família unida que toca junto”, um nome dado especialmente para eles por uma artista africana muito querida da família, a Fanta. Hoje em dia a banda é composta apenas pela família: Luca e Lua nos djembes e Areia e Vida nos dununs. Nas apresentações, eles usam figurinos próprios, confeccionados e idealizados por Lua, e além dos tambores há também dança e canto.

Este ano a banda pretende lançar um novo CD, com toda a evolução que adquiriram ao longo dos anos, e apresentar um trabalho mais específico em cima dos ritmos da etnia malinkê, da Guiné Francesa.

E um sonho comum é ir para África, a raiz de toda a cultura que transformou essa família.

Para a matriarca da família, Yara, é muito importante essa base familiar. “É muito bom e muito diferente do mundo de hoje. As pessoas veem a gente como um exemplo, da união mesmo, porque hoje em dia não é muito assim”, afirma.

A próxima apresentação de Badenhá Foli será na Bahia, no Encontro Movimento Caminhos de Paz, que acontecerá na primeira semana de fevereiro.

 

Tambores Veganos – voltando para o orgânico

A família desenvolveu uma nova forma de tambor: o tambor vegano. Há quatro anos os Badenhá Foli mudaram a sua dieta vegetariana para vegana, o que não poderia mais comportar o couro nos tambores. Precisaram então estudar uma forma de substituir o couro de animal por algo que mantivesse a qualidade do som, mas não que envolvesse animais. Após várias tentativas e diferentes experimentos, Luca tem usado a pele de bateria, o que funciona perfeitamente, além de ter a vantagem de ser mais duradouro.

Apesar de ser muito tradicional o uso da pele de cabra nos djembes africanos, os mestres gostaram muito da inovação e muitos já trocaram também as peles dos seus tambores. Para a família tocadora de djembes isso foi uma confirmação da qualidade e da inovação. Para Areia, a filha do meio, até a energia do estúdio onde ensaiam na sua casa em São Lourenço ficou mais leve. “A energia do nosso espaço mudou. Tem agora uma energia de paz”, ressalta.

Mas o estudo não terminou aí. Como em tudo a família é dedicada e disciplinada. Luca garante querer se aprofundar ainda mais no tema dos tambores veganos.

“Quero fazer teste com materiais mais orgânicos, como o couro vegetal, feito de látex da seringueira. Só que ele tem que ter um trabalho que eu ainda estou estudando, pesquisando”, conta o pai.

 

A fabricação dos instrumentos

Quando a pele do seu primeiro tambor arrebentou Luca percebeu que o djembe estava mal feito, com algumas rachaduras. Então decidiu que queria aprender a fazer o seu próprio tambor. Para ele, este foi outro longo estudo, que vai desde a escolha da madeira – apenas utilizam madeira caída – até a solda do aro e a fabricação final.

“Se eu quiser um tambor de qualidade eu mesmo tenho que fazer. Perdi muito tambor, não tinha muita noção de como trabalhar com as ferramentas, mas com o tempo peguei a prática”, relembra.

Hoje em dia Luca se transformou num especialista em fazer djembes e vende tambores para todo o Brasil. As meninas ajudam na linha de montagem, lixando, entalhando e pintando.

Além de vender tambores a família também oferece oficinas de djembe e de dança africana em São Lourenço.

 

Os Malinkês da Guiné e suas Músicas

O povo Malinkê vive na região das fronteiras da Guiné, Mali e Costa do Marfim. Os Malinkês pertencem ao grupo Mandinga, que entre o século 8 e o século 13 era constituído o Reino Mandin. 

Os Malinkês são comerciantes ou agricultores, e em sua maioria vivem na zona rural, longe da costa e de difícil acesso à rodovias ou ferrovias, é a forma tradicional de se viver, como em regiões similares em outros países oeste-africanos. Porem na capital Conakri a “benção da civilização” já se enraizou. 

Para os Malinkês, cerimônias de casamento, batizado, circuncisão e muitas outras são praticamente impossíveis sem o som dos tambores, sem o canto e a dança, sem performances do Griô com seus cantos cerimoniais e seus hinos de louvor. 

O Griô é poeta, cantor e músico pertencente a uma casta especial que, além de cronista e detentor da tradição oral do grupo, frequentemente exerce atribuições religiosas. Para cada cerimônia são tocados ritmos tradicionais diversos dando-lhes vida.

 

Contatos:

Facebook: https://www.facebook.com/bandabadenhafoli?ref=br_rs

Site: http://badenhafoli.wix.com/badenhafoli

Email: badenhafoli@gmail.com

Telefone: (35) 9175-4597

 

 

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