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São Lourenço - Notícias
09/09/2014 14h35

Entrevista com Cy Andrade e Jordi Lores

Personalidades de São Lourenço conversam com o Correio do Papagaio

Fomos recebidos para uma conversa descontraída e divertida com Cy Andrade e Jordi Lores, no estúdio do cineasta catalão aqui em São Lourenço, para falarmos um pouco mais sobre o sucesso do pré-lançamento e do filme “Vida Moderna @ Comédia”.

 

Correio do Papagaio - A pré-estréia do filme foi um sucesso, com o cinema cheio de convidados ilustres da cidade. Como vocês acham que foi a repercussão do filme para esse público?

Cy Andrade: Olha, para mim superou as expectativas, foi excelente. Eu tinha um receio de apresentar esse texto à população, porque é um texto mais inteligente, um texto mais denso... as pessoas estão acostumadas com piadinhas e ali é com uma proposta totalmente diferente, que é o cunho da arte, que é o cunho que eu gosto. Uma coisa que gera transformação, e não simplesmente uma coisa paliativa. Com esse texto eu percebi que as pessoas ficaram motivadas, tiveram um olhar em cima de si próprias, se identificaram. Me surpreendeu muito o feedback que as pessoas me deram na rua, na imprensa , na internet, me surpreendeu muito.

Jordi Lores: Se se pode resumir de um algum jeito foi isso: surpresa. Tanto para nós nesse sentido, da boa aceitação  que teve... porque nós já sabíamos que uma parte do publico gostaria e outra talvez não gostaria, mas ficamos muito surpresos com a força com que a mensagem do filme chegou às pessoas.

 

Correio do Papagaio: Quais as expectativas agora para Vida Moderna @ Comédia?

Jordi Lores: Bom, em primeiro lugar passar nos cinemas. A rede da Cineart fez um compromisso com a gente, por isso vai passar em todos os cinemas digitais deles, uns 9 ou 10, entre as cidades do sul de minas. Já temos algumas propostas, que ainda não podemos falar, de outros lugares. Esperamos também o filme estrear aqui para depois procurar uma distribuidora, porque queríamos, como prioridade, cobrir a região para depois entrar no circuito normal.

Cy Andrade: E também entrar nos festivais. O Brasil tem bastante festival de cinema, tem Gramado, tem Tiradentes, tem vários festivais no Brasil... os internacionais também nos interessam.

Jordi Lores: E a terceira fase será o mercado do DVD e dos bluray onde qualquer filme acaba.

 

Correio do Papagaio: O filme é um conto urbano, mas com um texto profundo. Como vocês acham que o público vai digerir o conteúdo?

Cy Andrade: As pessoas gostam de cultura. O problema é que os artistas estão vindo sem cultura. A situação contemporânea é complicada, a cultura nossa é uma sub cultura, não que eu esteja falando mal dos funkeiros ou dos novelistas, ou nada disso. Mas as pessoas de uma maneira geral gostam de cultura. Porque a arte é universal, ela atinge a consciência e a linguagem de todo mundo. A arte sensibiliza... então eu acredito que as pessoas vão gostar, porque estamos oferecendo uma oportunidade diferente de cinema. A pessoa vai pensar, vai refletir em algum momento sobre ela ou sobre o eu, sobre o entorno dela. A aceitação foi bem digerida. O Plínio é um personagem universal. Quem não sofre? Quem não tem dilemas? Todos se identificam com ele. Ele é um aprendizado nesse sentido, porque ele vai até o fundo do poço para se conhecer.

Jordi Lores: O fato cultural obriga as pessoas a serem de um jeito. Se você não é desse jeito você se exclui. Então o Plínio é um produto, os problemas dele são um produto da obrigação de ser desse jeito que ele é. Seja qual for a condição da pessoa sempre vai achar um ponto onde se refletir.


Correio do Papagaio: Vocês acham que o filme pode trazer alguma mudança para essa sociedade moderna?

Jordi Lores: Não, nenhuma... (risos). Sim pode trazer para São Lourenço, porque demonstramos que podemos fazer cultura de qualidade e ainda sem esmolas publicas. Isso eu acho que é muito importante.

Cy Andrade: Eu discordo um pouco. Eu acho que toda a ação tem uma reação. Quando você vê pessoas saindo do cinema e percebe que também elas estão saindo da caverna então eu acho que ele é capaz de fazer, não em numero quantitativo, mas sim qualitativo.

Jordi Lores: Certo. O filme pode mudar sim individualmente, uma pessoa ou 10 ou quantas forem. Mas a o que você perguntou sobre mudar a sociedade moderna, com certeza não porque a nossa sociedade está de cabeça ao caos.


Correio do Papagaio: Como foi fazer um filme sem tantos recursos financeiros? Saiu melhor do esperavam?

Cy Andrade: Uma delicia!

Jordi Lores: Bom demais, principalmente porque não devemos nada para ninguém.

Cy Andrade: E provamos que somos capazes também de fazer um trabalho glamoroso, bem feito, com tecnologia, sem depender de ninguém.

Jordi Lores: É verdade, tivemos quatro patrocinadores que cobriram o mínimo, de roupas, locais, gastos de produção. O grosso do filme foi do nosso bolso mesmo e focamos na tecnologia boa, fizemos aqui no estúdio, foi editado profissionalmente, ele foi feito em cinemas cope.

Cy Andrade: Mas a gente torce que nas próximas produções a gente tenha o apoio, é necessário. Se houvesse uma lei de incentivo à cultura na cidade, se houvesse efetivamente a secretaria de cultura percebendo  os artistas da cidade. O trabalho de cultura e de arte é coletivo, não é individual. Então a gente espera que nos próximos trabalhos, seja no campo do cinema, do teatro, das artes plásticas, da literatura, seja o que for, que as pessoas comecem a consultar o oftalmologista! A arte ela tem esse cunho sócio-educacional, ela oferece um aprendizado lúdico, então tem que ter apoio.

Jordi Lores: E claro este filme vai dar visibilidade para a cidade. Mesmo assim, não vi nenhuma palavra falando do filme em nenhum site público dessa cidade, nem mesmo na programação. Não é uma critica, para mim é mais um detalhe. Achei que tínhamos feito uma coisa diferente e nova, mas parece que não.


Correio do Papagaio: Cy, você trabalha há muitos anos como artista em São Lourenço. Sempre acreditou ser possível fazer um longa-metragem na cidade?

Cy Andrade: Eu acho que tudo é possível. Quando eu escrevi o Plínio, o Vida Moderna, eu tinha uma visão cinematográfica dele. Eu sempre tive essa visão, essa vontade de fazer cinema. Porque eu sempre tive essa característica nesses 20 anos de carreira de ir apresentando trabalhos novos na cidade. Nos grandes centros há muitas opções: assistir um musical, uma comedia, uma técnica de teatro negro, uma mímica, um cinema 3d, enfim... e aqui a gente não tinha. Então eu sempre trazia linguagens novas e o cinema estava na minha mira também. Eu já fiz teatro infantil, drama, teatro negro, musical juvenil... e o cinema acabou acontecendo... (risos).


Correio do Papagaio: Houve partes do texto mais difíceis de trabalhar? Tanto na escrita, como na interpretação...?

Jordi Lores: Então, eu acho que o mais difícil era filmar várias vezes a mesma cena... tem que se emocionar, sair de dentro, e tem que repetir a cena 3 ou 4 vezes. Não é fácil para o ator e o Cy fez muito bem.

Cy Andrade: Quanto à questão de escrever... O escrever uma obra é algo muito espiritual. Você se sensibiliza com uma situação real e ela se transforma numa questão artística e você começa a se alimentar dessas vibrações, e vai construindo, dando uma nova vida.  Então moldar o Plínio foi muito bacana porque eu tive muito elemento para me inspirar. Por isso ele é tão universal, porque ele foi inspirado em várias pessoas.


Correio do Papagaio: Jordi , você é um cineasta acostumado a trabalhar com outros tipos de filmes. Como foi para você abraçar esse projeto?

Jordi Lores: Totalmente diferente! No inicio fiquei muito feliz com essa oportunidade, porque eu queria muito fazer uma coisa na cidade. Conhecer o Cy foi bom porque acho que é a pessoa mais experiente no teatro daqui, com um currículo muito bom. Quando conheci o texto, eu gostei muito. Achei difícil, na verdade, até fiquei com medo... fazer uma coisa com pessoas que vinham de outro mundo totalmente diferente, ainda mais com um texto difícil. Mas eu acho que foi muito legal mesmo. Que você goste mais de um tipo de cinema do que outro não impede que você use a técnica para fazer qualquer coisa. Estou até com vontade de fazer outro drama.

 

Correio do Papagaio: Como vocês definiriam em poucas palavras Vida Moderna @ Comédia?

Jordi Lores: É uma comédia da vida esse drama. Num país de machões, Plínio mostra publicamente as suas debilidades... é como um confessionário. Acho que isso faz com que as pessoas se sentem próximas a ele. É como se o personagem estivesse se confessando com o público.

Cy Andrade: Defino como um conto urbano. O Plínio é um cinderelo. É bom saber que um homem também chora, que um homem também sofre... colocar essa fragilidade do homem em cena. Mesmo que só com ele mesmo, na casa dele... ele esconde até da própria mãe a sua fragilidade.


Correio do Papagaio: Datas e cidades em que o filme vai estar em cartaz.

Jordi Lores: Aqui em são Lourenço entra em cartaz a partir do dia 11 de setembro e ficará uma ou duas semanas.

Cy Andrade: Outras cidades são: Lavras, Pouso Alegre, Três Corações, Alfenas, Machado... Também a partir do dia 11 de setembro.



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