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São Lourenço - Notícias
09/10/2014 10h30

Idosa de 94 anos é exemplo de força de vontade, em São Lourenço

“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores” - Cora Coralina

Nos dias atuais, em que a violência contra o idoso é uma triste realidade, sendo considerada por estudos como um problema de saúde pública, a conscientização e a sensibilização da sociedade, bem como a  intervenção do Estado, são de extrema importância para a mudança desse cenário.

O dia 1º de outubro, Dia Internacional do Idoso, vem lembrar a todos desse compromisso diário de respeito e amor  àqueles que ainda têm muito a nos ensinar e que, na maioria dos casos dedicaram a maior parte de suas vidas aos seus familiares.

Dona Amália Peloso Mariano, mais conhecida como Anita, é muito estimada pela comunidade e se tornou um exemplo de dignidade e respeito à pessoa idosa. Aos 94 anos ela está se alfabetizando e frequenta o segundo período do EJA (Educação de Jovens e Adultos), na Escola Municipal Melo Viana. Segundo o diretor da escola, Alex Sandro de Souza, a Melo Viana é a única instituição que oferece a alfabetização para adultos.

A história de vida de D. Amália foi marcada por momentos de muita dificuldade e sacrifício. Mesmo assim a amargura não invade seu coração e ela luta para conquistar seu sonho. “O sonho da minha vida era o palco, o teatro, a ópera. O sonho que ainda posso concretizar é o de escrever a história da minha vida. Quero aprender a ler e a escrever”, conta ela.

Nascida no dia 29 de março de 1920, perdeu a mãe muito cedo. “Minha infância foi muito difícil, passei trabalhando para não roubar. Mas com fé em Deus sei que posso concretizar os meus sonhos. A minha professora é como uma mãe, irmã e conselheira. Ela me apoia muito e eu sei que vou conseguir”.

A professora Eliane Junqueira conta como é gratificante trabalhar com esta turma. “É uma delícia. A frequência deles é boa, eles gostam de vir à escola e têm muita força de vontade.É uma turma que rende bem e é muito prazeroso dar aula pra eles”, explica. “Minha turma vai dos 30 aos 94 anos. Tenho dois alunos de Serranos que vêm todos os dias. D. Amália é uma excelente aluna, lê muito bem, mas tem alguma dificuldade por causa do problema de audição”, esclarece.

D. Amália contou que está esperando há dois anos para conseguir um aparelho auditivo para ajudar com o seu problema. Infelizmente, na sua idade o tempo é muito valioso e a dificuldade para aprender aumenta devido à falta de audição.

O exemplo da sua força de vontade motiva também os seus colegas de turma. Silvana, aluna da mesma classe que ela, comenta: “No inverno eu faltava aula por causa do frio, e ela vinha! Ela tem muita disposição, e essa força é muito positiva”.

O diretor da escola, Alex Sandro de Souza, elogia a pontualidade e o capricho com que ela se envolve com o seu trabalho escolar: “Ela é a primeira aluna a chegar, ela é caprichosa e faz todos os trabalhos. É uma lição de vida para a gente”.

D. Amália é um exemplo não só dentro da sala de aula. Com uma vida difícil nunca desistiu de correr atrás dos seus sonhos. Trabalhou por mais de 30 anos no Coral Bach; sem saber ler ou escrever trabalhou muitos anos com assistência social, ajudando os outros e também cantou durante 13 anos na Igreja Matriz de São Lourenço.

Viúva há 23 anos, garante que não depende de ninguém para viver. Gosta de fazer trabalhos manuais e de cuidar de seus amigos.“Eu gosto muito de conversar com as pessoas. A melhor coisa que a gente pode fazer é amar o próximo; não ter preconceito, não ter inveja e ajudar o próximo”, declara a idosa.

Os seus vizinhos cuidam e se preocupam com ela por causa da idade avançada e pelo fato de morar sozinha.

Ainda assim não há obstáculos que ela não enfrente. Vai todo dia de ônibus para a escola e algumas vezes ganha carona do professor para voltar. Apesar de seus 94 anos ela segue com muita força e lucidez. A professora da escola sublinha essa característica: “Ela é uma pessoa que tem uma cabeça boa. Dá notícia de tudo o que está acontecendo, acompanha os noticiários, sabe todas as novidades, inclusive se interessa por política”.

D. Amália batalha pelos seus sonhos. Já lê muito bem, mas tem alguma dificuldade com a escrita, até porque a mão já está um pouco trêmula, além das dificuldades de audição. Mas ela tem fé, e seu livro já até tem nome: “Hás de amar até morrer”.

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