A maior parte das denúncias é referente aos crimes de abuso sexual (72%) e exploração sexual (20%)
Em 18 de maio é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Na ocasião, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) realizou a palestra “O Enfrentamento da Rede quanto à Vitimização Sexual” na Câmara Municipal de São Lourenço. Ao menos 70 pessoas participaram do encontro.
No mesmo dia, em Caxambu, cerca de 100 pessoas foram às ruas numa passeata pelo centro da cidade. Jovens e crianças carregavam cartazes com dizeres sobre o combate e enfrentamento do problema. No município houve ainda apresentação teatral, no calçadão, encenando como ocorrem esses crimes e de que maneira podem ser evitados.
No Brasil, o enfrentamento ao abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes ainda é um trabalho desafiador, e que requer cuidado minucioso de autoridades públicas. Vítimas da prática se sentem culpadas, vulneráveis e desacreditadas e, por isso, muitas vezes, não fazem a denúncia. Os agressores, por outro lado, continuam com o abuso, que acontece no próprio ciclo familiar ou no ciclo de amizades da pessoa vitimizada.
As ações feitas para chamar a atenção da população são fundamentais para que a própria comunidade participe deste combate, como explica o coordenador do CREAS de São Lourenço, Jean Pierre Nepomuceno. “A proposta da palestra, por exemplo, foi estabelecer a proximidade com a população em relação ao trabalho feito no município. Nós conseguimos transmitir a importância de cada órgão e seus profissionais que buscam acabar com esta prática e como as pessoas podem contribuir com este trabalho”.
Apenas nos dois últimos anos, 37 mil casos de denúncias contra abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes foram recebidos pelo Disque 100 no Brasil. As ocorrências correspondem às vítimas da faixas etária de 0 a 18 anos. Os números foram divulgados nesta quinta-feira (18) pela Secretaria de Direitos Humanos, do governo federal.
Por mais difícil que seja para a vítima relatar o abuso, a melhor opção a ser tomada por ela é a denúncia, como orienta o coordenador do CREAS, Jean Pierre Nepomuceno. “O primeiro e melhor paço que a vítima pode dar é se propor a quebrar o silêncio e dizer que sofreu o abuso. O Disque 100 é uma opção considerável, já que a pessoa faz a denúncia atrás de um telefone, sem expor seu rosto”, destaca.
Cerca de 67,7% das crianças e jovens que sofrem abuso e exploração sexuais no país são meninas. Os meninos representam 16,52% das vítimas. Os casos em que o sexo da criança não foi informado totalizaram 15,79%. As ligações no Disque 100 são gratuitas, e as denúncias são anônimas. O atendimento é 24h e ocorre inclusive nos domingos e feriados.