População está há um ano sem transporte público para plataforma da Rodoviária

Há praticamente um ano a empresa Circular São Lourenço decidiu não utilizar mais a plataforma do Terminal Rodoviário. Na época a decisão gerou polêmica entre os usuários, mas a posição da empresa foi irredutível e o ônibus faz ponto final na Av. Damião Junqueira de Sousa.

Para acessar o Terminal, os usuários precisam subir uma escadaria com cerca de 50 degraus, que em tempos chuvosos agrava ainda mais a situação, quando antes desciam na mesma plataforma dos ônibus interestaduais e intermunicipais.

Alguns passageiros relatam o seu descontentamento e dificuldades gerados por essa decisão da empresa de transporte público da cidade, sendo que muitos que utilizam o serviço são idosos.

Arouldo Lopes, responsável pela empresa Circular São Lourenço, disse que a razão da decisão tomada em junho de 2014 foi por “cortes de gastos” e que a responsabilidade pela questão da acessibilidade na Rodoviária é da empresa que administra o terminal.

O Terminal Rodoviário é administrado pela empresa Tervisa e tem concessão por 25 anos, contrato realizado em 1996, na administração do então prefeito Tenório Cavalcanti. Segundo Samuel Lomas, do departamento jurídico da empresa, a taxa paga pela Circular – de R$ 750,00/mês - já é diferenciada das empresas de ônibus interurbanos e serve para a manutenção da plataforma rodoviária, como prevista no edital.

“Simplesmente deixaram de pagar, foi uma opção”, ressalta Samuel. “Não temos interesse em prejudicar ninguém, estamos sempre abertos para negociar”, afirma.

No entanto, para Arouldo Lopes não é com a Tervisa que a negociação deve ser feita e sim com o município. “A empresa perdeu a capacidade de pagar à Tervisa por causa dos reajustes que viemos pedindo e que não foram repassados pelo município”, explica o responsável pela Circular. “Se o município falar que paga a taxa, por nós tudo certo”, ressalta.

Segundo dados da empresa Circular São Lourenço, em 2011 a tarifa custava R$ 1,95; em 2012 a prefeitura não realizou nenhum reajuste; em 2013 a tarifa subiu para R$ 2,10; em 2014 para R$ 2,20 e em 2015 para R$ 2,40.

Para o responsável da empresa este reajuste está muito aquém do que a empresa solicita. Porém usuários do transporte público contrapõem informando que a tarifa cobrada não comporta a economia da cidade, considerando que a maioria dos pagantes ganha um salario mínimo ou pouco mais, comprometendo em média 28% da sua renda.

Arouldo Lopes concorda que, para a realidade financeira da cidade, a tarifa já é alta, porém com a política de gratuidade modificada pela prefeitura municipal de maiores de 65 anos para 60 anos, em torno de 45% dos passageiros são transportados de forma gratuita.

 “O governo municipal reconhece as dificuldades da Empresa Circular São Lourenço”, afirma o Secretário de Governo, Luís Claudio. “Sabemos, também, do grande número de gratuidade, visto que a lei dá esse benefício aos maiores de 60 anos. Realmente, quem paga, paga para quem não paga”, sublinha.

Para o responsável da Circular São Lourenço, o ponto crucial que causou o prejuízo financeiro da empresa foi a mudança do Código Tributário do Município, em 2010. Segundo Arouldo Lopes, a empresa pagava de ISS (imposto sobre serviços) 0,3 UFM por carro vistoriado, que custava à empresa aproximadamente 2 a 3 mil reais por ano. Com o novo Código Tributário, o ISS passou a ser pago sobre 5% da receita bruta da empresa, gerando um custo de aproximadamente 15 mil reais por mês (cerca de R$ 180 mil/ano). “De janeiro de 2011 até junho de 2014, seguramos as pontas com cortes internos, até não aguentarmos mais e decidimos cortar também a taxa da Rodoviária”, explica.

O Secretário de Governo informou que uma comissão foi criada para fazer um levantamento de toda a situação e ver o que pode ser feito. Segundo ele, uma das primeiras ações dessa comissão será resolver o problema da subida do ônibus Circular na plataforma da Rodoviária.

Os usuários do transporte público aguardam uma solução rápida que não onere ainda mais o cidadão sãolourenciano.