Por Gislene Vilela
Morador de São Lourenço desde 2018, Paulo Santos, prestes a comemorar 75 anos, marinheiro aposentado, conta que a Estância Hidromineral é inspiração e parte do cenário dos contos em que se passa a sua primeira obra intitulada “O Caminho de um Só”. O livro publicado em 2021, um eBook Kindle - livro digital na plataforma da Amazon foi best-seller na categoria Literatura e Ficção.
A Câmara Municipal de São Lourenço concedeu, dia 30/05, durante sessão ordinária Moção de Congratulações ao escritor. A iniciativa, de autoria do vereador Marcelo Ribeiro de Oliveira (PL), teve como objetivo parabenizar e homenagear o autor pelos significativos contos sobre o município. “Que haja muita inspiração para continuar escrevendo e enaltecendo a cidade de São Lourenço e, nessa nova etapa da vida, sua habilidade só seja engradecida! ”, destacou o vereador.
O conto “O Santo e a Cidade”, mostra a primeira conexão do escritor com a cidade de São Lourenço. Um spoiler exclusivo para os leitores do Jornal Correio do Papagaio. Será publicado em breve no segundo livro do autor.
O Santo e a cidade
Um erro geográfico ou talvez um acerto, cá me fizeram vir e, pelo resto dos meus dias, lembrarei um em especial, aquele, do descobrimento, da alegria e tranquilidade da chegada.
Em uma das solitárias viagens, caminhos tortuosos e curvilíneos me trouxeram aqui, num ameno dia de verão. As ruas limpas e sombreadas, calçadas com pedras, encheram meus olhos e, ainda sem saber onde estava, parei o carro e caminhei pela cidade banhada de cores e sol.
Depois de provar da comida e beber a água que emanava das suas entranhas, decidi, naquele instante, que não mais sairia daqui. Soube que cidade e água tinham em comum o santo nome do mártir e me tornei seu mais novo e orgulhoso cidadão.
Caminho pelas trilhas, pelo belo Parque das Águas e me atrevo, como novo amante, a exaltar qualidades que observo a cada dia vivido aqui, com minha nova paixão. Descobri que o Santo morreu aos 33 anos, assado vivo numa grelha e que mesmo sofrendo as terríveis dores do fogo, mostrou seu humor e sua fé gigantesca para dizer aos seus algozes que o virassem, pois um dos seus flancos já estava assado.
Depois da água, dos doces e da beleza natural, outros prazeres passaram a fazer parte da minha vida como sentir frio, vestir um casaco, colocar luvas e andar pelas ruas da Europa sem sair daqui.
E o santo surge em sinais antes despercebidos. Ao passar por Niterói, notei o nome de um bairro, São Lourenço. Parei, entrei na bela igreja a ele dedicada e num súbito momento de comunhão pedi a Deus pelos meus amores, amigos, minha vida e agora, pela minha também, amada cidade e seu padroeiro. Percebo que ela, que um dia me acolheu, tem acrescentado mais coisas boas à minha vida. Sua água maravilhosa continua matando minha sede e revitalizando minha saúde.
Tenho sido abençoado com muitas alegrias ao percorrer os novos e velhos caminhos das Minas Gerais vivendo dias melhores e mais felizes. Agradeço a “ele” por me fazer saber disso enquanto vivo e respiro.
Créditos de foto: Arquivo pessoal Paulo Santos