No dia 8 de agosto, a artista Tulipa Ruiz publicou na sua página oficial das redes sociais uma foto passeando na Festa de Agosto, em São Lourenço. No post ela ressalta que cresceu e morou na cidade, onde a cena local - repleta de músicos, poetas, atores, artesãos, bailarinos, pintores, dj’s - foi fundamental para a sua formação artística.
Vencedora do Grammy Latino no final de 2015, na categoria ‘Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro’, Tulipa questiona a desvalorização da cultura local no município. Em visita aos familiares que ainda residem em São Lourenço, a artista escreveu um texto que deu voz aos artistas da cidade e ao público que busca uma multiplicidade cultural.
“Há uns dois anos os Titãs vieram tocar na festa e durante o show me mandaram um beijo. ‘Para a nossa amiga de SL’, disseram. Eu estava presente e fiquei lisonjeada com a lembrança. E pensei, puxa, é mais fácil os Titãs falarem de mim do que a prefeitura da cidade contratar o meu show”, desabafa.
O post, que teve mais de 500 compartilhamentos e milhares de curtidas, ainda questiona a restrição do gênero musical. Este ano a festa tem show de pagode e todos os restantes são de música sertaneja. “Na programação shows caríssimos, grandes nomes do pagode e sertanejo. Ninguém da cidade. Ou da região. Ninguém novo. Por que restringir tanto os gêneros? Por que só contratar artista de gravadora e mainstream se a indústria fonográfica é muito maior do que isso?”, comenta.
“Cadê a cena local? E os bons nomes da cena em geral? Cadê o rap, o eletrônico, o rock, o reggae? Cadê a música pop, meu povo?”, questiona.
A artista compreende que os gêneros como pagode e sertanejo são típicos de baile da cidade, mas sublinha que essa restrição também subestima o interesse do público e desconsidera o potencial cultural que a festa pode proporcionar que é a formação de plateia num sentido mais plural. “Eu luto pelo plural. E você?”, conclui.