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São Vicente de Minas - Notícias
03/05/2018 14h06

Instalação de eletrodo na região de São Vicente de Minas preocupa agricultores

Coassavi de São Vicente de Minas participa de audiência pública na Assembléia Legislativa para discutir a instalação

No dia 17 de abril, em Belo Horizonte, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, foi realizada uma audiência pública para debater a instalação do Eletrodo de Terra Terminal Rio, da empresa Xingu/Rio - State Grid, na cidade Minduri, nos limites deste município com São Vicente de Minas. Comandaram a Mesa dos trabalhos os deputados Cabo Júlio, Fabiano Tolentino e Antônio C. Arantes.
O eletrodo compõe o sistema de aterramento da linha de transmissão Xingu/Rio, com 800Kv de corrente contínua, e se dá em dois pontos: um na saída, em Xingu, precisamente na cidade de Anapu, a 15 km da usina, e o outro deveria ser instalado próximo a Seropédica, no Rio de Janeiro, onde chegará a linha de transmissão. Este aterramento garante qualquer intervenção na linha, quando necessária, durante o período em que a demanda exigir que toda a corrente energética seja descarregada no eletrodo, razão do surgimento de muitos questionamentos, uma vez que o empreendimento não deixou evidenciado os impactos ambientais no local de instalação e seu entorno.
Entretanto, a empresa Xingu-Rio vem alegando em diversas audiências públicas que em Minas, na região entre Andrelândia e Minduri, é onde se encontra um solo adequado para a instalação.

A Cooperativa Agropecuária Mista de São Vicente de Minas (COOASAVI), fundada em 1990, contando hoje com mais de 800 cooperados, abrangendo 27 cidades na região dos Campos das Vertentes, tem como seu ideal maior, nestes mais de 25 anos, servir aos produtores rurais, e o motivo da realização da audiência se apoiou na preocupação das comunidades com a instalação deste eletrodo dentro da área de abrangência da Cooperativa nos dois municípios.

Na audiência, a Cooperativa esteve representada por seu presidente, Ronaldo Reis Laredo, além do advogado, Dr. Otaviano Rodrigues Moreira Neto, que relembrou a realização já ocorrida de uma Reunião Pública, em 30 de junho de 2017, em São Vicente de Minas, oportunidade em que foi comunicado que após a realização de estudos havia dois locais para instalação do eletrodo, dentre eles em Andrelândia, o que não foi possível devido ao Parque Arqueológico da Serra do Santo Antônio, e o outro em São Vicente de Minas.
Entretanto, após o levante da população presente a esta reunião, que se mostrou contrária à instalação - e insatisfeita com a explanação dos peritos do Ministério Público, Sra. Tamires e Sr. Valter Caramelo - os empresários da XINGU-RIO State Grid perceberam que não poderiam instalar o eletrodo em São Vicente de Minas, o que exigiria, inclusive, um alvará do município, e o prefeito Jacinto Alair de Paula também se posicionou em favor da população e contrário à instalação do eletrodo.

Nesta mesma reunião foi solicitado ao Coordenador do IBAMA, Roberto Huet, uma nova audiência, com a finalidade de se aprofundar mais sobre os efeitos ambientais que envolveriam o projeto.
Foram realizadas então mais duas audiências públicas, uma em 29 de janeiro de 2018, em Minduri, e outra em 30 de janeiro, em São Vicente, e em ambas ficou definido que sistema seria instalado em Minduri, a dois quilômetros de onde seria instalado em São Vicente de Minas – caso houvesse sido este o município escolhido.
Será desapropriada uma área de 170 hectares de terras produtivas, com cultivo de milho, onde atualmente são colhidas cerca de 200 sacas do cereal por hectare - sendo a média nacional de 100 sacas. Considerando ainda a safrinha, o montante atinge, aproximadamente, 320 sacas por hectare/ano (num total de 54.400, hoje no valor de R$ 35,00 a unidade, onde o total perfaz R$ 1.900,000,00 - hum milhão e novecentos mil reais/ano.

Ao lado de onde foi proposta a instalação do eletrodo há o Haras Serra Bela, que emprega mais de 50 funcionários, onde o empreendimento não é visto com bons olhos e a preocupação toma conta da localidade, o que é contestado pelos diretores da Xingu-Rio, que alegam que o município será beneficiado com a geração de 20 empregos e o ISSQN, durante a construção do eletrodo - que levará cerca de 6 meses - e após a conclusão funcionará sob o comando da Estação Conversora, sediada no Rio de Janeiro.
As comunidades, porém, contestam, afirmando que a empresa ficará com os bônus, e para os municípios, em especial Minduri, sobrarão uma herança e resultados totalmente incertos.
Para os organizadores das audiências, outro fator que chama a atenção é o fato de que no Brasil existem apenas 5 eletrodos deste tipo em funcionamento, o que evidencia um sistema ultrapassado e longe da realidade dos riscos ambientais provocados ao meio.
Diretores da COOASAVI apelam aos deputados da bancada ruralista para que compreendam suas preocupações de sua comunidade.

Os riscos dos eletrodos

Eletrodos são elementos condutores metálicos - ou conjunto de elementos condutores interligados - que ficam em contato direto com a terra, visando garantir a ligação com o solo, e tem como um dos objetivos obter o menor valor para a Resistência de Terra, evitando-se assim as altas perdas ôhmicas e valores elevados de gradientes de potencial - o que oferece riscos de afecção de pessoas, animais e peixes - que podem garantir o aumento da corrente de dispersão responsável pela corrosão em sistemas ou objetos metálicos enterrados próximos ao eletrodo.

Há diversas especificações para estes sistemas, como os eletrodos que são enterrados no oceano; outros para implantação na costa, situados em lagoas naturais ou criadas artificialmente; e os de terra, situados em terrenos firmes, usualmente instalados próximos à superfície de terra, para os quais as orientações técnicas pedem especial atenção para se evitar problemas de aquecimento do solo.
Porém, de acordo com análises técnicas demonstradas por estudos sobre Transmissão em Corrente Contínua – Eletrodos de Terra, Marítimos e Costeiros, da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), no site uerjvillas.net.br, e orientações sobre comprometimento do solo por alterações do pH - potencial hidrogênico – no endereço mundoeducacao.bol.uol.com.br, este tipo de eletrodo pode provocar ainda o eletroendurecimento do terreno, através da eletroosmose, o que, dependendo de suas características, em especial aqueles de composições finas, podem sofrer sensíveis alterações no seu pH, oferecendo comprometimento às lavouras, prejudicando a produtividade do solo pela alteração de sua acidez ou alcalinidade e comprometendo as condições de vida vegetal.

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