16:37hs
Sábado, 27 de Julho de 2024

Leia nossas últimas edições

Leia agora o Correio do Papagaio - Edição 1875
Saúde
30/08/2012 17h05

Gravidez Cartilha ensina como mulher pode evitar feto sem cérebro na gravidez

Cartilha ensina como mulher pode evitar feto sem cérebro na gravidez

Texto lançado por federação médica destaca a importância do ácido fólico.
Suplementação até o 1º trimestre previne anencefalia e espinha aberta.


 Uma cartilha destinada a todas as mulheres do país que pretendem engravidar e outra para os médicos que devem orientar as pacientes são lançadas nesta quinta-feira (30) pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), durante congresso em São Paulo.

O texto foi baseado em uma orientação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

O objetivo é destacar a importância de as mulheres tomarem suplemento de ácido fólico para evitar até 75% das malformações no tubo neural do feto, como anencefalia – quando o bebê não tem cérebro – e espinha bífida – quando a coluna vertebral não se fecha por completo e a medula fica exposta para fora do corpo. Outro defeito menos comum é a encefalocele, em que a abertura do tubo neural acontece no crânio, deixando uma protuberância na cabeça com líquido e massa cerebral.

Em abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por oito votos a dois, que abortar um feto sem cérebro não é crime. A partir daí, a Febrasgo decidiu levantar o tema, na tentativa de impedir que um feto anencéfalo chegue a se formar. Para isso, a entidade propõe que os ginecologistas falem sobre o assunto em qualquer consulta de rotina, como o papanicolaou. Cerca de 3 milhões de folhetos devem ser distribuídos nos consultórios brasileiros.

Segundo o presidente da Comissão de Medicina Fetal da federação, Eduardo da Fonseca, é recomendado que a paciente faça, com supervisão médica, uma suplementação oral de 400 microgramas de ácido fólico por dia, pelo menos um mês antes da gestação e durante os três primeiros meses. Com o objetivo de fixar esse compromisso na cabeça da mulher, alguns ginecologistas já indicam o composto três meses antes.

"A formação do sistema nervoso central do feto ocorre nas primeiras quatro a seis semanas. Então, quando a mulher descobre que está grávida, o cérebro do bebê já está estruturado. A maioria das pacientes chega ao consultório com dois meses", destaca Fonseca.

O médico diz que 58% das brasileiras ainda não planejam a gravidez e, entre as futuras mães que se programam, apenas 10% ingerem ácido fólico, também chamado de vitamina B9. Dessa pequena parcela, só 4% tomam os comprimidos na dosagem correta.

Além da forma sintética, que na opinião dos médicos é mais bem aproveitada pelo organismo, o ácido fólico é encontrado na natureza – em alimentos como milho, trigo, folhas escuras, feijões, fígado, gema de ovo, laranja, abóbora e pêssego – e enriquecido desde 2004 em pães e outros produtos à base de farinha, cuja lei no país também prevê adição de ferro para prevenir anemia.

"Essa substância consumida naturalmente é mal absorvida: apenas 50% dela age no corpo. E, com a vida moderna, a mulher acaba não conseguindo obter isso apenas pela dieta", diz o presidente da comissão da Febrasgo.

Como o ácido fólico age

A vitamina B9 ajuda na multiplicação das células, no DNA e no fechamento do tubo neural do feto, segundo Fonseca. Além disso, tem papel importante na imunidade da mãe e no desenvolvimento da hemoglobina – pigmento vermelho do sangue – e das proteínas estruturais do bebê, como o colágeno (presente na pele e nas cartilagens) e a queratina (nas unhas e cabelos).

Em caso de baixa dosagem, como não tomar os comprimidos corretamente, o ácido fólico não tem efeito. Já em uma situação de superdosagem, acima de 1.000 microgramas por dia, estudos experimentais com camundongos indicam que o bebê pode nascer abaixo do peso, ou seja, com menos de 2,5 kg.

"Pesquisas internacionais apontam que recém-nascidos magrinhos podem se tornar adultos mais propensos a problemas como infarto, AVC, trombose, obesidade, diabetes e síndrome metabólica", enumera o médico.

Incidência do problema e fatores de risco

Segundo a Febrasgo, seis em cada dez mil bebês que nascem no Brasil apresentam algum defeito no tubo neural. Na população geral, essas malformações atingem cerca de 0,1%.

Crianças com anencefalia morrem em 100% das ocorrências, de acordo com Fonseca. Já os pequenos com espinha bífida sobrevivem, mas acabam tendo dificuldade para andar, aprender e controlar a urina e as fezes, entre outras complicações.

Para minimizar os prejuízos da medula exposta, logo após o nascimento é feita uma operação para fechar a abertura. Quando há hidrocefalia – presença de líquido em excesso dentro do crânio –, é realizada uma drenagem em direção ao abdômen.

Em 95% das gestações, não há fatores de risco para a mulher ter um bebê com esses problemas. Os outros 5% estão ligados a histórico prévio de gravidez de anencéfalo e uso de remédios anticonvulsivantes por pacientes com epilepsia – aí a dose precisa ser mais alta, chegando até 4 miligramas por dia.

Além desses fatores de risco, há a obesidade, a diabetes tipo 1 e a cirurgia de redução de estômago, que diminui o nível de absorção de nutrientes pelo organismo. A idade da mulher não influencia esse tipo de malformação no feto, mas adolescentes costumam se alimentar pior e podem ter mais deficiência de ácido fólico.

Estudos no Brasil

Fonseca, que vive na Paraíba, analisou quase 500 mulheres no Nordeste e observou que cerca de 15% delas usavam ácido fólico como prevenção antes e no início da gravidez.

Outro trabalho, feito em Pernambuco com 125 mil mulheres, mostrou que a inclusão de ácido fólico em farináceos não reduziu os defeitos no tubo neural. Mas, segundo o médico, isso pode ser explicado pelo fato de na região haver um maior consumo de farinhas não industrializadas.

O especialistas cita, ainda, uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), realizada no ano passado com 300 mil mulheres, que aponta que a fortificação foi capaz de diminuir entre 35% e 40% os casos de problemas no tubo neural dos fetos.

 

 

 

Fonte: G1

PUBLICIDADES
SIGA-NOS
CONTATO
Telefone: (35) 99965-4038
E-mail: comercial@correiodopapagaio.com.br