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Sindijori - Artigos
09/04/2019 16h35

DE MINAS PERDIDA

Stefan Salej

Cesar está nu, gritou o ator na famosa peça teatral, de que as crianças gostam tanto.

 O excelente estudo sobre o impacto da crise na mineração de ferro em Minas Gerais, após o calamitoso desastre de Brumadinho que matou mais de 200 pessoas, e ainda continuam desaparecidas mais de 80, feito pela Fiemg, é no fundo isso: Minas Gerais nua. Segundo resumo executivo desse estudo, a queda de produção mineral no Estado, em qualquer situação, vai provocar desemprego, quebra de empresas, situação social calamitosa, falta de matéria prima para as siderúrgicas, cuja produção vai afetar a cadeia minero-siderúrgica que inclui a indústria automobilística, entre outras e, em resumo, queda do PIB do estado neste ano em 6.5 %.

 O anúncio, feito pelo próprio presidente da entidade na imprensa nacional e internacional, teve, junto com o desastre da situação fiscal e financeira do estado, um efeito de bomba atômica. Minas não só está quebrada hoje, mas vai precisar de muitos anos para se recuperar, porque a sua espinha dorsal econômica está quebrada e é de difícil recuperação. Portanto, os investidores, de um lado já assustados com aspectos relacionados a meio ambiente, seus stakeholders não aceitam politicas irresponsáveis nesse setor do estado, se assustaram mais porque o estado não pode oferecer nada ao investidor a não ser caos social, econômico e financeiro. Pelo menos essa é a conclusão dos anúncios que foram feitos na imprensa junto com o estudo divulgado.

 A primeira pergunta é por que as entidades empresariais mineiras não fizeram esse estudo após o desastre de Mariana. Será que é cego quem não quer ver? Falharam, seja por qual razão for, e o resultado está aí.

 Um segundo ponto é que o diagnóstico e o prognóstico da Fiemg não falam em soluções para reverter a situação. As sirenes continuam tocando, a população assustada, e os corpos enterrados ou desaparecidos. E quais são as soluções para reverter isso? Quem lidera esse processo? A Fiemg, as entidades setoriais ou o governo, que por sinal nem um diagnóstico como esse fez?

 Para começar, nem tudo em Minas é desastre. Veja só os balanços da MRV e Localiza, start ups, economia do Sul de Minas e do Triângulo.

 Depois, em Minas não faltam pessoas que possuem conhecimento para achar soluções e formatar um novo tempo. Já aconteceu no passado e foram encontradas soluções. Talvez o momento não havia sido tão trágico como agora, mas Minas e os mineiros acharam a saída.

 O que falta é diálogo, que é o nome de Minas. Todos os atores envolvidos têm que dialogar para encontrarem soluções para a profunda crise por que Minas está passando. Não se pode impor opinião, interesses de um grupo de empresários ou de um setor sobre os interesses da sociedade. Agora, se todos estão conscientes da gravidade, por que não se unem e fazem um projeto de saída de crise e volta do crescimento? Por que será?

 STEFAN SALEJ - Ex Presidente do SEBRAE Minas e da FIEMG. Vice-Presidente do Conselho do Comércio Exterior da FIESP. Coordenador adjunto do GACINT Grupo de acompanhamento de conjuntura internacional da USP

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