31/05/2018 07h31
'A Amante', um espelho para refletir a realidade
Com apenas 42 anos e dois longas no currÃculo, Mohamed Ben Attia tornou-se um fenômeno do cinema da TunÃsia. Em Berlim, 2016, ele recebeu dois Ursos de Prata - melhor filme de diretor estreante, por Hedi, e melhor ator, Majd Mastoura, que faz o papel-tÃtulo. Este ano, em Cannes, integrou a seleção da Quinzena dos Realizadores com Dear Son. A Quinzena, patrocinada pela Société des Réalisateurs, compete com a seleção oficial para ver quem apresenta os melhores filmes. Se estivesse na competição, é bem possÃvel que Querido Filho tivesse dado o prêmio de melhor ator para o excepcional Mohamed Drif.
Hedi estreia nesta quinta, nos cinemas brasileiros, rebatizado como A Amante. Em entrevista, o próprio diretor admitiu que procurou espelhar as mudanças ocorridas no paÃs durante a chamada "primavera árabe", quando o povo foi à s ruas pedindo mudanças. Hedi era a expressão de uma juventude apática, anterior à s mobilizações. A mãe organiza sua vida, decide tudo por ele. Escolheu a noiva e marcou o casamento.
Quase na véspera da união, Hedi é forçado a uma última viagem de trabalho. Ocorre o improvável. Ele conhece uma mulher - Rim - de comportamento libertário. Rim quer viver a vida com liberdade e intensidade. Metaforiza a TunÃsia em fase de mudança. Seduzido, Hedi terá de decidir em seguir a sua via ou voltar à quela traçada pela mãe. Ben Attia filma a famÃlia como forma de entender o que se passa na TunÃsia. Usa o cinema como um espelho para refletir a realidade.
Querido Filho é sobre garoto que vai prestar vestibular. Ele está passando por uma emoção muito forte, que os pais creditam ao exame. Na verdade, o jovem foi cooptado pelo movimento jihadista para virar homem-bomba. Some no mundo. O pai vai atrás dele. A famÃlia implode. Ben Attia filma bem, dirige os atores com brilho. Mohamed Drif, que faz o pai, é gênio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo