30/01/2015 16h35
Bandeirantes não eram assassinos, diz pesquisador
Embora tivessem escravizado Ãndios durante o processo de colonização do PaÃs, os bandeirantes paulistas não eram assassinos sanguinários, como querem fazer crer alguns setores da sociedade atual, afirma o escritor Sérgio Coelho de Oliveira, de Sorocaba. Autor do livro "Baltazar Fernandes, culpado ou inocente?", lançado em 2014, ele resolveu se manifestar depois da pichação do Monumento à s Bandeiras, no Parque Ibirapuera, na quinta-feira, 29. Durante protesto contra a tarifa de R$ 3,50 do transporte urbano, black blocs picharam o monumento com a frase "bandeirante é assassino".
Segundo Oliveira, a acusação se deve a publicações que atribuÃram erroneamente ao bandeirante Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba, a morte do padre Diego de Alfaro, durante uma batalha contra Ãndios na atual região das Missões, entre o Rio Grande do Sul e o Paraguai. "É verdade que Baltazar Fernandes participou das bandeiras de apresamento de Ãndios ao lado do seu irmão André Fernandes, em regiões do Paraguai. Isto é tão verdadeiro que ele se casou com a castelhana Maria de Zunega, entre 1629 e 1630, antes de vir a fundar Sorocaba. Não há nada, porém, que o relacione à morte do padre."
Ele decidiu pesquisar e publicar o livro depois de se deparar com a pichação de um anexo da Catedral de Sorocaba com a frase: "Baltasar assassino!" Oliveira constatou que a acusação sem fundamento foi publicada em jornais, está no Google e no programa de genealogia dos Mórmons, sendo acessÃvel a milhares de internautas. Segundo ele, essa "ojeriza generalizada" de que nas últimas décadas tornou-se alvo o bandeirante se deve ao uso indevido dos parâmetros atuais dos direitos humanos para mensurar a ética do tempo das bandeiras.
O escritor relata a importância das bandeiras, grandes expedições organizadas pelo governo ou por sertanistas que, com o propósito de descobrir as riquezas minerais, expandiram as fronteiras do Brasil. "Herói como agente da expansão territorial do Brasil e como responsável pelo ciclo do ouro, o bandeirante carrega a pecha de vilão no trato que dispensava aos nativos. É preciso lembrar que, nos primeiros anos da formação de São Paulo, os Ãndios eram hostis, assaltavam as povoações e matavam os colonizadores."
Fonte: Estadão Conteúdo