03/09/2016 07h36
Cícero celebra sua 'praia' no Coala Festival
Não é coincidência que, ao deixar o Rio de Janeiro e se mudar para São Paulo, o carioca CÃcero Rosa Lins tenha lançado um disco intitulado A Praia. Ele, que se define tão praiano quanto um bom paulistano e "ia à praia ano sim, ano não". É na distância geográfica do mar que banha a baÃa fluminense, mesmo raramente frequentado, que cresce a percepção de deslocamento. CÃcero, em São Paulo, é um carioca longe de casa. Deixou seu apartamento, sua rua, seu bairro, cidade e até Estado para trás e criou um novo lugar para si em uma casa na Pompeia, próxima ao Sesc, a partir de 2014.
E é na cidade na qual ele gravou A Praia, o terceiro álbum de uma bastante elogiada carreira, que ele se apresentará pela primeira vez com Marcelo Camelo, o amigo do Los Hermanos e grande influência dessa nova música popular brasileira. Camelo participa do show de CÃcero no Coala Festival, o simpático evento de música que se dedica exclusivamente ao material produzido em solo nacional. CÃcero é uma das atrações de uma tarde que conta ainda com Silva, Lila, Céu, Baiana System e Karol Conka. A curadoria do festival se mostra antenada naquilo que é mais quente do cenário independente, já que Duas Cidades, do Baiana, e Tropix, de Céu, lançados neste 2016, já são fortes concorrentes para integrar as listas de melhores álbuns do ano. "Sempre tÃnhamos essa conversa de fazer um show juntos", conta CÃcero sobre a parceria com Camelo. "Além de não negar a influência que o Los Hermanos tem em mim, eu admiro o Marcelo por tudo o que ele fez para a música brasileira", garante ainda.
A Praia, de CÃcero, é de 2015. Gravado em janeiro e fevereiro daquele ano, o disco foi lançado em março. Trata-se do primeiro álbum do carioca a não ser gravado no próprio quarto dele. Desta vez, CÃcero reuniu a banda que o acompanhava em turnê no estúdio El Rocha, em São Paulo, para registrar as dez canções do álbum. O resultado enche e infla o som tão conhecidamente introspectivo de CÃcero. Um passo à frente, portanto.
"Comecei a conhecer uma realidade de pessoas que não têm a praia por perto, entende?", questiona CÃcero, que curiosamente estava no Rio de Janeiro na semana pré-Coala com o intuito de ensaiar com Marcelo Camelo a participação dele no seu show. "São Paulo é uma máquina de concreto enquanto o Rio de Janeiro é construÃdo em cima de um cartão-postal."
Aos 30 anos, sendo os cinco últimos dedicados à sua carreira solo, CÃcero tem três discos lançados e uma série de despedidas e vidas deixadas para trás. O músico entendeu como funciona o seu processo criativo - ele envolve despedidas. Não é um acaso o fato de que cada um dos álbuns, Canções de Apartamento (2011), Sábado (2013) e A Praia (2015), tenha sido criado (e os dois primeiros também gravados) em diferentes endereços. "Já morei na zona sul, oeste, norte do Rio de Janeiro", conta CÃcero. "O que é curioso e acho que faz parte da nossa geração. Meus pais, por exemplo, moram no mesmo bairro até hoje."
A Praia, assim como os demais discos - e os futuros -, são para CÃcero um exercÃcio de sentir o desprendimento. "Minha motivação (para fazer música) não é acadêmica. Ela é existencial. Em vez de tentar criar uma canção que revolucione, algo com um novo método de metragem, eu quero fazer algo que venha de dentro. Quando existe um motivo real, a música reverbera", acrescenta.
COALA FESTIVAL Memorial da América Latina.
Av. Auro Soares de Moura
Andrade, 664, 3823-4600. Sáb. (3),
a partir das 13h. R$ 140.
Atrações
Silva
14h20 Ã s 15h10
Lila
15h40 Ã s 16h20
Céu
16h50 Ã s 17h40
CÃcero
(com Marcelo Camelo)
18h10 Ã s 19h20
Baiana System
19h50 Ã s 20h50
Karol Conka
21h20 Ã s 22h20
Broadcast, serviço de notÃcias em tempo real do Grupo Estado.
Fonte: Estadão Conteúdo